1,99 - Um Supermercado Que Vende Palavras: Críticas

Um supermercado que vende palavras,mas essas mesmas nunca são ditas em todo o por sua vez se torna cansativo precocemente,onde em seu começo temos cansativos minutos de apoio e patrocinadores,que daí o filme já torna incógnita.A ideia do diretor Marcelo Masagão,é ótima,mas a prática em si,não foi bem ao longo,vimos preguiça em cena,e nada mas animou após seus vinte frases acompanhadas no passar da câmera,são um dos pontos mas admiráveis,onde podemos ver realmente a grande ideia do filme.

A colocação das frases feitas neste filme foi algo muito sério e desesperador. Há quem compare com Buñel e seu Anjo Exterminador. Outra colocação louvável foi o peso da entrada dos Barbatuques: pura provocação aos poderosos e seguranças do mercado. Vale ressaltar também, a maneira como eles tratam a necessidade e o desejo e a necessidade de desejo. Enfim, contrariando a crítica anterior deste filme, quem está acostumado com a forma simples, naturalista e vazia do cinema americano, assistam e tenham o maior choque que terão.

A idéia central do roteiro é bem interessante. Mas o filme é indicado para pessoas que gostem de filmes abstratos, surreais, de linguagem moderna e figurativa, pois caso contrário será um martírio assistir. O roteiro não possui diálogo direto dos atores e tudo se resume as frases soltas dos produtos com as situações das cenas. Isso deixa o espectador um tanto aflito sobre o que realmente está acontecendo. Algumas cenas são muito bem feitas, como a cena dos idosos na geladeira, ou o saque de dinheiro no caixa eletrônico. Mas existe uma falha, mesmo tendo usado 80 atores, as cenas iam e vinham com os mesmos atores e isso causava estranheza, já que um ator fazia mais de um personagem. Neste ponto, acredito que o filme só não foi melhor como outros filmes do mesmo gênero exatamente por parecer um filme feito por recém atores formados em conclusão de curso e tudo fica muito superficial. Para uma linguagem moderna deveriam ter explorado mais a tecnologia e efeitos visuais para desenhar melhor seus conceitos.

Aviso de antemão: se você é daqueles que amam o cinema americano e seu formato certinho, com início, meio e fim, fique longe deste filme. "1,99" é um filme bastante interessante, mas que também usa muito o artifício da simbologia. Ou seja, nada do que é mostrado é óbvio ou fácil de ser compreendido. Na verdade o filme não possui uma trama linear e sim trabalha bastante conceitos sobre o comportamento humano. Inclusive acredito que ele deva ser bem mais interessante para quem tenha um conhecimento maior sobre psicologia, pois terá condições de interpretar melhor o que é exibido em cena. Ainda assim trata-se de um filme bastante intrigante de ser assistido, pelo formato proposto pelo diretor Marcelo Masagão. O clima de estranheza do supermercado é permanente, num contraste com a leveza e suavidade com a qual a câmera passeia durante o filme. Outro ponto que vale ressaltar é a completa ausência de emoções por parte das pessoas que estão no supermercado - a única cena onde há algum tipo de emoção é o leve sorriso dado por um homem após ganhar na máquina caça-níquel. Além disso no decorrer do filme Masagão utiliza diversas colagens, de fotos, frases e logomarcas, que falam sobre os próprios personagens - um recurso que inclusive foi bastante utilizado pelo mesmo diretor em seu filme de estréia, "Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos". Estas colagens servem também para quebrar um pouco o ritmo do filme, mostrando que há naquelas pessoas algo além daquela aparência robótica a qual o filme apresenta. "1,99" é um bom filme, mas não é fácil de ser digerido. Completamente sem diálogos, ele possui algumas cenas muito boas - a do caixa eletrônico, por exemplo -, mas sofre um pouco pela própria limitação do tema, que por se fixar sempre em situações do comportamento humano acaba cansando um pouco. Atenção para os créditos finais do filme, onde há algumas pérolas escondidas."