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Francisco Russo
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687 críticas
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1,5
Enviada em 9 de fevereiro de 2012
No Brasil já é difícilfazer filmes infantis fora do tradicional circuito Renato Aragão/Xuxa/Angélica. E quandose faz é uma cópia descarada de outro filme infantil brasileiro de alguns anos atrás."Os 3 zuretas", se tivesse algumas pequenas modificações, poderia muito bemser um remake de "O menino maluquinho", lançado logo no início da retomada docinema nacional. Estão lá as crianças em uma cidade pequena, que fazem traquinagenspara se divertir, o avô amigo, os problemas com as brigas dos pais de um dos garotos... Oque muda na verdade é que as crianças de "Os 3 zuretas" fazem brincadeiras,digamos, menos ingênuas, como fazer pedidos a uma máscara de demônio e falam palavrão(algo impensável em um livro de Ziraldo). O filme não chega a ser ruim, apesar de sercansativo em certos momentos, mas para quem viu "O menino maluquinho" asgritantes semelhanças entre os dois filmes incomodam bastante."
Muito se fala na semelhança deste filme com 'Menino maluquinho'. Há quem diga que é uma cópia descarado - que absurdo! A única semelhança entre os dois filmes são os protagonistas (semelhança física!), e o fato deles irem para a casa do avô no campo, vôs estes que morrem em ambos os filmes. O filme com base na obra de Ziraldo trabalha a questão do lúdico de forma belíssima, já Os três zuretas (A reunião dos demônios) é um dos melhores dramas que já assisti. Menino maluquinho trata do universo que queremos para nossas crianças, um universo em que os adultos tem uma relação de cumplicidade para com as crianças. Já os três zuretas versa sobre a outra face da moeda. Adultos com seus medos, frustrações e preconceitos não conseguem ter uma relação aberta com as crianças. Os adultos tem medo de se envolver com as crianças, de dizer que são maluquinhas e endiabradas (só dizem isso na hora da raiva, alhures, dizem que são "anjinhos"), de deixar elas ter um pouco de liberdade, tudo isso por medo de perder o controle da situação. Com isso, não conhecem seus filhos e tem uma relação problemática com eles. Todos os desfechos nos dois filmes são completamente diferentes, a lida com a morte, com a liberdade, com o levar a vida a diante. A vida do menino maluquinho é bem mais leve, já Joaquim tem que vencer a cada dia os receios forjados pelas frustrações dos adultos. Joaquim tem sorte de ter amigos de verdade, seu avô e sua empregada, que são seus cúmplices. O afeto que, por sorte, insiste em cruzar o caminho de Joaquim é o que ensina ele a viver, fazendo com que continue tocando sua vida. Só conheço dois filmes que tratam tão bem do universo infantil (vele ressaltar que não o fazem de modo direto), a saber, 'Onde vivem os monstros' e o primeiro filme da trilogia 'Toy story'.
O caráter tranquilo e menos impactante do que as produções hormonais comerciais nos arremete a um clima que só a geração interiorana até os anos 70 pra trás poderá entender. A pureza e lirismo da vida campestre caipira desprovida do maquinismo e luxúria capitalista marota não consegue impressionar as pessoas metropolitanas já contaminadas pelos vícios americanos culturais. Esses destroem a tônica natural do Brasil sudestino dos pilões, monjolos, trens, balões, criação, pescaria, estilingue e daninhagem. Uma interpretação impecável dos três garotos que toca fundo no coração e impressiona também pela bela paisagem. O hálito hipócrita da religião muito bem apanhado, aliás, com sutileza, deve nos fazer refletir! A música emociona e quem estiver vivo se tocará com a profunda e agradável impressão que a tranquilidade da proposta remonta. Então, nada de um filme comercial, mas um exercício de beleza e dignidade que mostra a pureza interiorana versus a conurbação americanizada.
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