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Caverrna C.
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2,0
Enviada em 26 de agosto de 2013
O filme em nenhum momento atinge o gênero comédia. Com imagem escura mesmo em cenas filmadas durante o dia, o que revela falta de investimento ou conhecimento na confecção deste. Apela para o estereótipo de pessoas que participam e tem vontade de participar de realitys show. Há takes longos que chegam a dar sono. A não resolução da trama termina nos últimos 3 minutos, deixando o espectador sem saber o que o diretor queria nos passar com aquele fim.
Que me desculpem os que defendem que o filme seja hilário... mas da Comédia ele passa longe, bem longe. É deprimente. E, apesar de faltar-lhe melancolia, ele é realmente triste.
Ao criar uma atmosfera que parece pertencer a um sonho realmente (a trilha-sonora é fundamental pra dar essa impressão), o filme inicia um desenvolvimento de personagem perfeito. Todo o clima da cena em que o protagonista vai fazer o teste, na segunda fase, pra entrar no reality show denota esperança e faz com que o espectador torça profundamente para que ele atinja o tão almejado objetivo de entrar no reality show. Então, não é de se surpreender que a maneira com que Luciano vai gradualmente cedendo à insanidade cause um choque imenso. A tensão, levada por esse roteiro sempre no limite da incredulidade, é crescente. E que atuação essa do Aniello Arena... Do meio pro final ele explode em tela, e leva os personagens junto com ele, como sua esposa, interpretada por Loredana Simioli, uma atriz praticamente estreante no Cinema, mas que tem aqui pelo menos umas três cenas de cair o queixo. Brilhante condução de elenco.
A direção de Matteo Garrone é genial. O cuidado com essa direção de arte pra que estejamos sempre imersos naquela vila de Nápoles é notável. Seus planos sempre abertos, suas longas sequências seguindo - e perseguindo - essas criaturas são lindas de se ver. A montagem do filme, aliás, é soberba.
Em toda a complexidade de seu personagem principal, Reality se abstém de fazer julgamentos, o que é um ponto imprescindível (apesar de, infelizmente, não fugir dos estereótipos ao apresentar os participantes do reality-show, mesmo que eles não tenham importância efetiva para o andamento da trama). As situações em que o protagonista acaba se metendo por causa de sua obsessão crescente são para dar pena... e realmente dão. A representação, por exemplo, de Enzo como um verdadeiro ídolo para Luciano está presente desde a primeira sequência do longa, ainda que naquele ponto seja tratada com bastante irreverência.
É interessante que o tom sonhador do filme se esvaia ao longo da narrativa, para ser retomado apenas na sequência final que, metafórica ou não - vai da interpretação de cada um -, expõe toda a vulnerabilidade em que se encontra o obcecado protagonista. Diria que é quase cruel. Principalmente ao mostrar que as esperanças do cara praticamente não sofreram desestruturação alguma. Luciano ainda achava que estava perseguido pela produção, ainda sonhava em entrar na casa, e esse problema estava longe de acabar. É uma perspectiva muito, muito desoladora. Uma espécie de degradação moral humana de difícil compreensão... :(
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