Bem, imaginem um musical da Disney misturando diversos contos de fadas e com um elenco com ótimos atores e um diretor especialista em musicais de sucesso (e alguns fracassos também, mas enfim)? Tudo levava a crer que Caminhos da Floresta fosse um filme ao menos interessante, e muita expectativa foi criada em torno de tal projeto. Pois bem, o resultado não poderia ter sido mais meia boca. Apesar da premissa bem pensada, o roteiro do filme é muito ruim. O filme começa introduzindo vários personagens amplamente conhecidos pelo grande público, e nos minutos iniciais a temível bruxa (Meryl Streep) surge na padaria vizinha de sua casa para levar uma conversa com o padeiro atrapalhado, inseguro e de bom coração (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt), que sonham ter um filho. Porém, a bruxa diz que para quebrar o feitiço que paira sobre a família do rapaz - onde como resultado o casal seria incapaz de gerar filhos - seria necessário que eles conseguissem em até três noites quatro itens que eles achariam na floresta: uma vaca branca como o leite (que vem a ser a vaca do João, aquele do Pé de Feijão); um capuz vermelho como sangue (claro, da Chapeuzinho Vermelho); cabelos amarelos como espigas de milho (olha a Rapunzel entrando na história); e um sapato dourado como ouro (esqueçam o sapato de cristal da Cinderela, que subiu de patamar e agora é de ouro, ok?). Deste instigante enredo, surge uma miscelânea de situações estapafúrdias, forçadas e absurdamente ridículas. Cenas extremamente constrangedoras pipocam na tela, como a dos dois príncipes cantando em uma cachoeira (onde o que deveria surgir como alívio cômico só resulta em pura demonstração de vergonha alheia), ou a do lobo depois de surgir na casa da vovó da Chapeuzinho Vermelho (na cena disparadamente mais bisonha e surreal de todas que aparecem nesse filme), dentre várias outras. Apesar do elenco afinado, a maior parte das atuações são exageradas e fora do tom (como principalmente no caso de Chris Pine no papel do príncipe com ares de sangue latino de galã de novela mexicana) ou insossas (como principalmente a de Anna Kendrick e sua chatíssima Cinderela). A única que realmente dá show é mesmo Meryl Streep que brilha em todas as suas cenas. A participação medíocre de Johnny Depp como Lobo é algo que dispensa comentários, de tão tolo que é. Fora isso, os deslizes do roteiro são gritantes. Situações muito mal explicadas, erros grosseiros de continuidade, e falta de fôlego total. Parece um filme que não termina nunca, e que em sua parte final toma um ar triste e sombrio bem diferente do que costumamos ver em filmes da Disney. Mas o que é pior no filme? Definitivamente as músicas. Elas são muito ruins! Uma ou outra se salvam e são inspiradas, como a de quem é culpado pela sucessão de problemas que acontecem no reino, ou outras cantadas por Meryl Streep (mais pelo vigor da atriz do que pela letra em si), porém outras são sofríveis e que em determinado momento o espectador acaba suspirando e dizendo em voz baixa ou mentalmente: “Ah, não! Mais uma vez essa cantoria desenfreada!”. Enfim, o filme tem uma boa ideia e gente muito talentosa envolvida, mas como não tem uma boa espinha dorsal, não funciona. Nisso Caminhos da Floresta fracassa retumbantemente. O filme não se sustenta na sua boa ideia, e atira para tudo que é lado, trazendo à tona somente aquela temível sensação de insatisfação. Tinha tudo pra ser um filmaço, mas só consegue ser um filme chato e ridículo. Obrigado Meryl Streep por não deixar o filme ser um fiasco quase que total.