Caminhando e cantando...
Musicais que fazem uso de histórias já consagradas são raros de se ver no cinema, principalmente porque o estilo já não é tão bem aceito pelo público em geral. Mas, vez ou outra, surgem grandes produções que conseguem mesclar bem uma narrativa com canções dosadas e não cansativas, como é o caso de Caminhos da Floresta.
Uma das facetas mais interessantes nesta produção dos estúdios Dinsey está na ideia de usar grandes contos à uma narrativa inédita. Aqui, os protagonistas são o Padeiro (James Corden) e a mulher do padeiro (Emily Blunt), casal este que é instigado pela Bruxa (Meryl Streep, ótima como sempre) a buscar 4 itens essenciais para findar uma maldição, que no caso refere-se à infertilidade do padeiro. A missão envolve obter uma vaca, uma capa, um sapato e um pedaço de cabelo; soaria até estranho citar esses ingredientes, mas aí entra a parte curiosa, pois os itens referem-se, respectivamente a "João e o Pé de Feijão", Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e Rapunzel, todos eles envolvidos metodicamente ao enredo. A busca pelos itens é feita durante o trajeto por dentro de uma floresta bem sombria, sendo esta o cenário de praticamente toda a produção.
Evidentemente que a busca pelos itens não seria tão simples, já que o padeiro e sua esposa precisam convencer alguns a ceder seus pertences voluntariamente ou em troca de algo valioso. E é exatamente nesta ideia que se desenvolvem a maioria das canções. O já experiente diretor Rob Marshal consegue aproveitar bem cada um de seus artistas de elenco sem soar forçado, muitos até divertem ou causam espanto pela competência musical, como é o caso de Emily Blunt.
A ideia de usar personagens famosos de forma sombria deixou a produção ainda mais atraente, pois príncipes e princesas não são tão ingênuos como de costume, tendo inclusive elementos fortes de cafajestagem; a trama com retoques adultos ajuda a fluir de forma mais natural, em alguns casos com elementos até pesados, como suicídio, poligamia, abandono de paternidade e outros menos complexos.
A direção de arte também é outro ponto de destaque, pois o figurino, maquiagem e o ambiente são sempre bem ajustados de forma coerente com a ideia da produção, auxiliados e muito pela floresta às vezes até cartunesca. A composição de elenco formada por grandes nomes como Meryl Streep, Emily Blunt, Chris Pine, Johnny Depp e Anna Kendrick facilitam o desenrolar de forma bem atrativa.
Certamente o único ponto que causa má impressão são alguns cenários fechados que parecem palcos de teatros bem ornamentados, e são várias as vezes que isso surge para compor um cena pequena. Decerto que tal escolha deriva do conceito de musical, mas poderia sem melhor ajustado em cena.
Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão, Rapunzel e demais figuras famosas surgem como divertidas peças para uma razão maior dentro de CAMINHOS DA FLORESTA. Uns mais bem aproveitados do que outros, mas sempre respondendo pela ideia máxima de antagonista. É um filme divertido, com boas doses de humor e canções razoáveis que não cansam e nem atrapalham, resultando em 2h de uma atração diferente mas agradável.