Sempre busco filmes de outras origens que não brasileiros ou americanos, isto significa que sobra África, Ásia, Oceania, América do Sul, e logicamente a Europa! Um mundo de possibilidades se você esta afim de buscar outro tipo de linguagem cinematográfica.
Ultimamente tenho me deparado com boas obras do norte europeu, principalmente Alemanha, Bélgica, Noruega, Suécia e podemos incluir ainda a França. Em uma destas buscas, e guiado também por um post aqui do Cinem(ação), resolvi dar uma chance para uma co-produção Reino Unido, Dinamarca, Noruega e Alemanha, chamado “A Aventura de Kon Tiki”. O filme me chamou a atenção pelo poster, que tem uma baleia gigante abaixo de um barco em deriva. Me veio na mente exatamente “As Aventuras de Pi”, porém se você estiver com esta mesma ideia, pode ir tirando o seu “cavalinho da chuva”, “Kon Tiki” é um filme muito mais sóbrio e real, do que “Pi”, e sem dúvida, ainda perde muito para a fotografia do filme americano.
O filme conta a história real do explorador norueguês Thor Heyerdahl (1914-2002), que fez uma expedição pelo Oceano Pacífico da América do Sul para a Polinésia, em 1947, com intuito de demonstrar a possibilidade de que a colonização da Polinésia tinha sido realizada por via marítima por indígenas da América do Sul. O nome do barco era homenagem ao deus do sol inca, Viracocha, o qual era também chamado de “Kon-Tiki”. Com esta ideia, o explorador construiu uma “balça” exatamente igual a que teriam usado na época da colonização, e assim resolveu explorar os mares afim de provar que estava certo de sua teoria.
“Kon Tiki” é um filme dirigido por Joachim Rønning e Espen Sandberg, que tem feito uma parceria interessante no cinema. O elenco do filme é todo europeu, e tem nomes como Pål Sverre Hagen, Anders Baasmo Christiansen, Gustaf Skarsgård e Gustaf Skarsgård.
Trata-se de um filme muito interessante e muito verdadeiro, principalmente se após ver o flime, você ficar curioso para ver quem era Thor Heyerdahl (como eu fiquei) e ir buscar na internet. É possível inclusive encontrar o documentário que foi filmado na época da exploração, isto é, podemos ver o verdadeiro Thor com seus companheiros em alto mar, vendo baleias, conversando, e tendo sua rotina durante os longos 90 dias que se propuseram a ficar no oceano.
Como história, o filme já chama a atenção, e como filme, obviamente que tem falhas, e alguns equívocos, porém o filme se propõe a se colocar em um papel de informante para o expectador e isto ele faz com maestria, pois o realmente passa a nítida impressão do que foi vivido na época, além, obviamente, de retratar todo o sofrimento e dilemas que uma tripulação, em uma “jangada” podem passar se forem levamos puramente pela correnteza.
Os atores cumprem bem o seu papel, não há nenhum tipo de revelação ou grandes interpretações, mas fazem o filme tornarce real, palpável. O interessante de assistir filmes com atores que não estamos acostumados a ver nas telas, é justamente essa proximidade que o filme pode passar, pois torna-se um fator de diferenciação, pois como não acompanhamos as carreiras deles, temos a sensação de proximidade com o personagem, de uma forma muito legal de se vivenciar.
Um dos pontos que mais me chamou a anteção no filme, foi justamente o fator humano, ou seja, estamos falando de um explorador norueguês, um dos países mais bem estruturados do mundo, que tem como característica justamente a frieza entre seu povo. Aqui temos uma chave para ser explorada de forma muito interessante, já conseguimos perceber que a tripulação da Kon Tiki, passa por momentos difíceis e nem por isso, os exploradores se apoiam de forma “familiar”, isto é, eles exercem bem suas funções. Mesmo estando em uma jangada, temos um capitão, um técnico, um engenheiro, etc… ou seja, buscam não fugir dos seus papéis. Inclusive, há um diálogo muito legal, quando dois personagens brigam e um diz para o outro: “Atente-se a cumprir com a sua função que não teremos problemas!”, ou seja, reina em uma pequena embarcação perdida no mar, a hierarquia que os moldou como seres-humanos.
“Kon Tiki” não é um primor em fotografia, e poderia ter esse ponto mais bem explorado pelos diretores, porém, de uma certa forma é compreensível o tom que o filme quis dar, ou seja, esse lado mais humano, mais normal, e por isso ele é um filme muito bem feito em seus moldes.
Para mim foi um filme que me deixou curioso, me fez pesquisar mais sobre a história, e se um filme consegue produzir este tipo de efeito, certamente é porque passou sua mensagem de forma eficaz. Mas dou uma dica. Assista o filme, e passe, nem que seja rapidinho pelo documentário. O filme parece que ganha mais brilho quando você vê que aquilo relamente aconteceu, e que as filmagens da época estão ali, feitas de verdade, por um explorador em alto mar em 1947.