Uma visão dark, mas colorida...
A Disney tem readaptado constantemente sua franquias sempre sob uma ótica diferenciada, seja ela saindo da animação tradicional para o live action ou mesmo utilizando o ponto de vista de outro personagem, como é o caso deste ótimo Malévola.
Logo no começo da projeção já somos apresentado a uma garota com cifres e um par de asas, espécie de protetora do reino chamado Moors, trata-se de Malévola, a conhecida vilã do conto da Dinsey: A Bela Adormecida. Aqui, Malévola é a protagonista, cujo único objetivo é servir como defensora de seu habitat, até o dia em que conhece Stefan (Sharlto Copley), um homem que
surge como único capaz de mostrar que o Reino dos Moors podem viver em paz e cooperação com os homens. Até que a índole humana mostra-se ao despertar a ganância pelo poder. Ao ser traída, Malévola lança um feitiço sob a filha de Stefan, o qual a deixará eternamente em sono profundo, até ser desperta pelo verdadeiro beijo do amor.
Lendo a descrição, não há nada de diferente do que já foi visto no clássico desenho da Disney, porém, o ponto de vista acompanha o dia a dia de Malévola após ser traída e lançar seu feitiço. Esse foco nos faz perceber como o astuto roteiro de Linda Woolverton e John Lee Hancock desfaz a idéia de vilã, já que há um forte propósito nas ações da protagonista, uma vez que, além de amargamente traída, tem uma grande habilidade extraída de seu corpo. Interessante ressaltar também que, apesar de revolta desenvolvida pós traição, há uma curiosa e funcional aproximação entre Malévola e Aurora (Elle Fanning), a garota enfeitiçada, mostrando que a suposta vilã é mais humana que seus próprios augozes.
A produção é nitidamente tocada sem preocupação financeira, já que Robert Stromberg, experiente no ramo de computação gráfica e animação, fica com as rédeas da direção, deixando perceptível sua experiência. O Reino dos Moors é simplesmente belíssimo, composto por seres mágicos e fantasiosos em larga escala, todos bem diferentes entre si, com características que saltam aos olhos pelo tamanho cuidado técnico. A cerca viva que isola o ambiente é fenomenal, principalmente pela bela direção de
fotografia que aproveita bem as locações para misturar com efeitos digitais em larga escala.
O elenco encabeçado por Angelina Jolie que, diga-se de passagem está soberba, ela encarna uma personagem capaz de realçar seus sentimentos simplesmente pelos olhares, sorrisos e feições, tudo muito bem aproveitado por ângulos de câmeras que a realçam como vítima ou defensora de maneiras bem funcionais. Sharlto Copley também faz um rei que se rende ao desejo de poder e sente-se amargurado por isso, deixando uma interpretação até razoável; Sam Riley como o pássaro Diaval é outro que diverte bem, já que seu personagem é vital para a trama; sem contar nas fadas interpretadas por Imelda Staunton (Knotgrass), Juno Temple (Thistlewit) e Lesley Manville (Flittle), trio este que, além de proteger Aurora, ou pelo menos tentar, serve como alívio cômico.
Buscando renovar sua crias mais famosas, a Disney não somente entrega algo bem diferente das obras originais, mas desenvolve narrativas que distinguem o ponto de vista mesmo para quem já conhece bem os filmes de origem. MALÉVOLA é uma produção notável, mesclando bem elementos já consagrados pela animação original, porém acrescentando mais tempero para deixar o filme atrativo, não somente pelo fantástico design de produção, mas também pelas ótimas sequências de ação e pelo desfecho, no mínimo, uma quebra de paradigmas.