O filme "Imperdoável', dirigido por Nora Fingscheidt, está centrado no retorno à vida em sociedade de Ruth Slater (Sandra Bullock), após ela cumprir a pena pelo assassinato de um policial. Nesta reinserção, ela terá como sombra uma frase: "a vida continua". O que o longa nos ajuda a refletir é sobre o sentido desta afirmação. A vida pode até seguir seu curso natural, porém as marcas daquilo que somos e do que fazemos estarão presentes em cada ato nosso.
Neste sentido, o roteiro escrito por Peter Craig, Hillary Seitz e Courtenay Miles é bastante didático na forma como nos coloca na realidade de Ruth - mesmo que de forma superficial em alguns pontos, é bom frisar. Ela tem uma espécie de manual a seguir no seu retorno: não pode entrar em contato com os familiares de quem ela vitimou, tem que ter um emprego e uma residência fixas e manter um encontro semanal com o seu oficial de condicional.
Porém, o mais importante neste recomeço de Ruth é que ela não pode, sob hipótese alguma, procurar a sua irmã mais nova, Katherine, que foi colocada para adoção após a sua prisão e condenação. Aqui, é importante fazer um adendo: a história pregressa de Ruth é mal abordada pelo roteiro. Isso não acontece somente com a protagnista. Vários personagens e atores excelentes, como Vincent D'Onofrio e Viola Davis, são mal aproveitados.
Baseada numa série de televisão lançada em 2009, "Imperdoável" é um filme irregular, muito em parte por causa do seu roteiro, mas que, apesar disso, se torna uma experiência interessante de se assistir por causa da atuação de Sandra Bullock. Olhando a sua composição física de Ruth, com o seu jeito desleixado de ser e de se portar, e com a sensação de que ela carrega o peso do mundo nas costas, a gente consegue se colocar na pele dela.