"Velozes e furiosos 7" representa um exercício de paciência ao ser assistido. A origem está descaracterizada já há alguns filmes, pois tornou-se muito mais uma série de ação com cenas impossíveis do que de carros. Tanto é assim que desta vez a premissa dita por Paul Walker no começo ("carros não voam") é negada.
Sim, Paul Walker está lá e seus irmãos também. É possível, com atenção, perceber quando é o verdadeiro Brian e quando não é em algumas cenas, em especial quando o rosto fica na penumbra e pelo timbre de voz (o de Walker era mais grave que o de seus irmãos). Em alguns momentos a tecla em que Dom (Vin Diesel) sempre bate (a questão da família) é tão acentuada - e desta vez aliada ao falecimento de Walker - que o filme se torna exageradamente piegas. Sofrível. E o exercício de paciência está também no Chucknorrismo.
Chucknorrismo é o neologismo que acabei de inventar para personagens invulneráveis, ainda que sem superpoderes, no cinema. Era legal quando apenas Chuck Norris era invulnerável: batia em todos sem quase apanhar, levava tiros que nunca o acertavam e nunca errava a direção de uma bala. Mas Chuck Norris era Chuck Norris, não uns quaisquer como Vin Diesel e Jason Statham. Daí o cansaço e a necessidade de paciência.
Nem mesmo o tão falado tributo a Paul Walker salva a obra, pois não comove. Os possíveis trunfos de atuação, como Michelle Rodriguez e Dwayne Johnson, não ajudam. Rodriguez por interpretar uma personagem perdida (do tipo "onde estou?" e "quem sou eu?"), Johnson por ter participação reduzida. Não que sejam grandes artistas, longe disso. Mas perto dos canastras Jason Statham e Vin Diesel, que sabem fazer expressão, apenas e tão-somente, de brabeza (Diesel de forma acentuada), até Kristen Stewart atuaria bem. Djimon Hounsou, esse sim bom ator, tem uma participação pequena, um verdadeiro desperdício.
Mas (sempre existe um "mas", não é?) nem tudo fica perdido. A ação que é prometida no trailer é cumprida, ainda que, reitero, com exagero. Isto é, as cenas de ação são impossíveis, mas bem executadas. De uma forma descompromissada, quase fazem o filme valer o ingresso.
P.S.: quando falei que até Kristen Stewart teria destaque na atuação se tivesse como colegas Statham e Diesel, foi um exagero proposital. A diferença é que, enquanto estes têm apenas uma expressão (a de brabeza), aquela não tem expressão alguma. Mas fizeram a mesma escola de atuação, provavelmente...