Quem nasceu por volta dos anos 2000 com certeza já ouviu falar do clã de assassinos ocultos na história da humanidade. Assassin's Creed é (ao lado de jogos como God of War e GTA) um dos games responsáveis pelo salto geométrico de qualidade no mundo jogos do novo milênio, pois com uma narrativa extremamente complexa e apelo conceitual inovador abriu as portas pra todo um universo de possibilidades. Sendo um estandarte no mundo virtual, o que esperar da primeira aventura dos matadores encapuzados nos cinemas? Não sei, mas com certeza podemos dizer que o sucesso nos consoles está anos-luz a frente deste longa-metragem.
Muitos dos pontos fortes do jogo tentaram ser invocados na telona, sem sucesso algum. Um deles é a características peculiar (e interessante) dos primeiros games que consiste em suas tramas paralelas separadas pelo tempo, e unidas pelo Animus. Achei a sacada de o personagem principal ser um condenado à morte uma boa ideia, mas parou por aí. Callum é um personagem raso, fraco e sem nenhum carisma, chega a ser difícil torcer por ele. Sua história é tão clichê que dá sono. Em contrapartida, Aguilar parece ser incrível, forte e ousado - ou seja, um assassino exemplar. Porém ele só aparece rapidamente, em lutas pouco, ou nada, explicadas. Distribui alguns socos e facadas, e quando a coisa está ficando boa, a história corta e volta pro inútil do Callum...
Isso é feito de forma proposital, fica claro. A intenção do filme é focar na linha temporal atual, porém está linha é muito fraca e sem graça. Como resultado temos duas tramas sem sal e mal trabalhadas. Este erro se deve claramente ao pouco, ou nenhum, conhecimento prévio da saga nos games. Fassbender mesmo assumiu que não conhecia AC antes de ser escalado, mas mesmo assim achou-se no direito de ser também o produtor do filme. Era uma tragédia anunciada.
Outro elemento típico do game é o emaranhamento com fatos e personalidades reais, e isso também tentaram fazer no filme timidamente no final da história de Aguilar, mas foi feito de um modo tão nonsense que chega a dar vergonha. Dão a entender que Cristovão Colombo veio à América pra esconder a Maçã dos templários, mas não é mencionado a relação que ele tinha com o Credo, tão pouco por que diabos a Maçã acabou sendo guardada na tumba dele, ao alcance de qualquer bisbilhoteiro.
Pra fechar com chave de ouro, o ato final é pífio! Com um grupo de três assassinos amadores passando a perna em centenas de templários como se fosse brincadeira de criança. Ridículo.
Daria uma estrela apenas, mas dei uma a mais pois o filme faz algo muito valioso ao meu ver: Os personagens espanhóis falam 100% das suas falas no idioma próprio deles, achei esse toque de realismo muito bem pensado.