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    Transformers: O Último Cavaleiro
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Transformers: O Último Cavaleiro

    Transformers, ame-o ou deixe-o

    por Francisco Russo

    A fórmula Transformers já é mais do que conhecida: "pegue um punhado de robôs gigantes - Optimus Prime, Bumblebee e Megatron precisam estar lá, os demais tanto faz -, coloque-os em dezenas de batalhas entre si (o motivo é irrelevante), salpique uns humanos para correr e pular de um lado para o outro, inclua algum alívio cômico de vez em quando, decore com bandeiras americanas ao seu dispor e, é claro, prolongue a duração ao máximo." A explicação que você acabou de ler está na crítica de Transformers: A Era da Extinção, filme anterior da franquia, e sua exata aplicação neste novo exemplar apenas ressalta o quão engessada (e desgastada) é a tática empregada. Até mesmo os fãs têm demonstrado um certo cansaço, como indicam os números abaixo do esperado vindos da bilheteria.

    Realmente, é difícil se reinventar em uma franquia que, a bem da verdade, deseja fazer tudo exatamente igual. Ao menos assim tem sido os filmes já lançados, não por acaso todos comandados por Michael Bay. Cineasta visual por natureza, Bay adora o gigantismo dos efeitos especiais em meio a belas paisagens, sempre em detrimento de roteiros mais aprofundados - que o digam vários de seus filmes anteriores à franquia, como Pearl Harbor, Armageddon e até mesmo A Ilha. Por sua natureza, Transformers é um prato cheio para que exerça o cinema segundo seu ponto de vista. Simples assim.

    Dito isso, o maior atrativo deste novo Transformers - talvez o único! - é justamente o novo brinquedo do diretor: as câmeras IMAX. Já na abertura do longa-metragem é possível notar a diferença, graças ao detalhismo e a beleza visual de uma batalha campal situada nos tempos do rei Arthur, 1600 anos atrás. Por mais que não haja o menor indício de sangue, exigência da classificação indicativa voltada aos adolescentes, tal sequência evoca a abertura de Gladiador em um balé bem elaborado envolvendo guerreiros e espadas. Um belo cartão de visitas que, infelizmente, não se sustenta por muito tempo.

    Com três narrativas em paralelo, O Último Cavaleiro tenta se equilibrar dentro de uma bem-vinda intenção em detalhar melhor as origens dos Transformers. O problema é que, para tanto, mais uma vez recorre aos diálogos tolos e sequências vazias, sem muito sentido. A começar pela resistência comandada por Cade Yeager (Mark Wahlberg, de novo encarnando o inventor marombado), situada em um ferro-velho onde os robôs gigantes "escondidos" se exibem a todo instante, em meio a brincadeiras juvenis - como explicar a cena em que um Dinobot vomita um carro de polícia ou a mera existência de filhotes Transformers? Tudo isto em um ambiente supostamente sério, de guerra entre humanos e robôs, é sempre bom lembrar.

    Paralelamente, há o personagem de Anthony Hopkins - no piloto automático, como não poderia deixar de ser. Como uma espécie de tutor histórico, é ele quem não só apresenta a ligação entre robôs e humanos como reúne e norteia os heróis rumo ao embate final. Sempre acompanhado por um dos personagens mais ridículos de toda a franquia, o humanóide Cogman, Hopkins é também o responsável por um dos diálogos mais inacreditáveis da série (e olha que a tarefa é difícil!): "você nunca deu uma bimbada?".

    O terceiro vértice está em pleno espaço sideral, consequência da cena final de A Era da Extinção: Optimus Prime segue sua jornada em busca de respostas em Cybertron. Estranhamente, a chegada ao planeta-natal dos Transformers é pouco explorada visualmente, servindo mais como justificativa para a criação de mais um vilão - ao todo, são quatro (!!!) em O Último Cavaleiro.

    Em meio a este emaralhado de subtramas, chama a atenção como o roteiro do trio Art Marcum, Matt Holloway e Ken Nolan apresenta e descarta personagens com uma velocidade impressionante. Mesmo veteranos da franquia resgatados do limbo, como Josh Duhamel e John Turturro, têm um tempo de tela ínfimo e poderiam até ser eliminados com relativa facilidade. A busca incessante por estímulos visuais/sensoriais, seja através de cenas de ação ou de piadas, é tão intensa que funciona como anticlímax: ao invés de excitar, desanima. A longa duração, com 149 minutos, potencializa o cansaço.

    Sem qualquer frescor, Transformers: O Último Cavaleiro se arrasta lentamente em sua metade final rumo a um desfecho óbvio, por mais que embelezado pelas filmagens em IMAX. É nos aspectos técnicos que estão as poucas qualidades deste longa-metragem, que aponta com urgência a necessidade de alguma sacolejada na franquia. Seja com a enfim saída de Bay ou com um possível reboot, algo precisa ser feito para que Transformers possa, ao menos, recuperar o interesse de seu público-alvo. Porque, aqueles que torcem o nariz para a fórmula empregada, já o abandonaram faz tempo.

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