Eles estão de volta!
por Lucas SalgadoOs vários filmes baseados em quadrinhos nos últimos 15 anos já nos ensinaram muitas coisas sobre a fórmula. Uma delas é que o primeiro filme serve mais de introdução, enquanto que o segundo já bota pra quebrar. Vingadores: Era de Ultron confirma a premissa em poucos segundos. Desde o primeiro instante, o espectador é jogado numa cena de ação mirabolante que conta com a participação de todos os Vingadores. Não há tempo a perder. O grupo já se conhece e trabalha lado a lado. Ponto.
Isso é ótimo e eletrizante, mas infelizmente esta sequência inicial não funciona muito bem. É tanta ação e tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que tudo parece artificial. A impressão é que estamos diante de um videogame e não de um filme. Tem muita ação, mas tudo parece falso. Felizmente, isso acaba ainda nos primeiros instantes, quando os personagens diminuem o ritmo e tudo pode ser acompanhado mais tranquilamente.
Diretamente ligado aos acontecimentos em Os Vingadores - The Avengers e Capitão América 2 - O Soldado Invernal, e sem ignorar o que ocorre em Agents of S.H.I.E.L.D., Agent Carter e até mesmo Guardiões da Galáxia, Vingadores 2 coloca o grupo frente a frente com uma grande ameaça. Sistema de inteligência artificial criado por Tony Stark para proteger o planeta, Ultron vê a salvação da Terra diretamente ligada a destruição dos Vingadores. A partir daí, Homem de Ferro, Thor, Capitão América, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro terão que deixar suas diferenças de lado para mais uma vez salvar o dia.
Com 2h22 de duração, o filme consegue distribuir bem seu tempo, oferecendo grandes cenas para todos os seus heróis, incluindo os estreantes Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen). É realmente impressionante que o filme tenha conseguido lidar com tantos personagens, contando ainda com nomes que até então estavam restritos aos universos solos dos heróis, como o Máquina de Combate (Don Cheadle), o Falcão (Anthony Mackie), e Heimdall (Idris Elba).
Algumas coisas continuam iguais... Robert Downey Jr. é o alívio cômico, Mark Ruffalo investe num Banner angustiado com o potencial destrutivo de seu lado verde e por aí vai. A principal novidade é o maior espaço dado ao personagem do Gavião, interpretado com muito esforço por Jeremy Renner. Scarlett Johansson também ganha mais tempo em cena, talvez num indicativo de que o tão falado filme-solo da Viúva Negra pode enfim sair. Chris Hemsworth cumpre bem o papel do Thor e ainda protagoniza alguns momentos de humor excelentes.
O elenco conta ainda com nomes como Samuel L. Jackson, Cobie Smulders, Andy Serkis, Hayley Atwell e Stellan Skarsgård. Mas o grande destaque da equipe é James Spader. O veterano ator, que hoje em dia faz sucesso com a série The Blacklist, arrasa ao emprestar sua voz para o vilão Ultron, que é permanentemente ameaçador, muito por causa da voz. O detalhe mais interessante com relação ao vilão é que ele é aterrorizante, mas também demonstra um grande senso de humor, criando um paralelo muito interessante com Tony Stark.
A introdução do Mercúrio e da Feiticeira Escarlate é muito bem feita, embora seja curioso vê-los não sendo chamados de mutantes por questões legais, uma vez que os direitos dos X-Men pertencem à FOX. Problemas jurídicos à parte, os dois personagens ficaram bem legais e complexos.
Joss Whedon tem todos os méritos e é um dos principais responsáveis por todo este mágico universo de super-heróis que vemos em cena. O diretor, no entanto, não trabalha bem o 3D, que parece mais uma opção comercial (ingressos mais caros!) do que de linguagem. Não há uma cena em que a profundidade funcione de forma além da básica na produção.
Responsável também pelo roteiro, Whedon se sai bem ao oferecer ao espectador uma importante discussão sobre inteligência artificial, algo muito debatido nos dias de hoje, com nomes como Stephen Hawking e Bill Gates se revelando contrários a busca por uma AI.
Com algumas cenas de ação que deixariam Michael Bay orgulhoso (o que não é muito bom), o filme parece não perceber que os momentos mais empolgantes são aqueles em que temos um respiro. Os fãs têm tudo para se deliciar com a obra, que conta com uma bela trilha sonora composta por Danny Elfman, que em nada lembra os temas sombrios compostos para Tim Burton.
The Avengers: Age of Ultron (no original) deixa o caminho pronto para Capitão América 3 e as duas partes de Vingadores: Guerra Infinita. É esperar para ver.
Observação: a sessão para a imprensa não contou com cena após os créditos, mas há uma sequência durante os créditos. Então, nada de sair correndo da sala.