UM DRAMA A PINO
por Roberto CunhaTerceiro filme de Eliane Caffé, os outros foram Kenoma (1998) e Narradores de Javé (2003), o novo drama da diretora tem o calor do norte brasileiro em suas imagens e numa complicada história de amor e desamor.
Rodado inteiramente no Pará, O Sol do Meio Dia une as pontas de um triângulo escaleno amoroso vivido por seus personagens. Explorando o som ambiente e sem trilha sonora por opção, o provável desconforto que alguns espectadores poderão sentir por esta ausência auditiva pode ser compensado pela presença de um verdadeiro antiherói numa história pra lá de áspera.
Covarde por natureza e heróico por desejo, Matuim (Chico Diaz) faz de tudo para levar a vida na flauta, mesmo que desafinada, mas sofre um revés atrás do outro. E a trama ganha outros tons quando seu destino cruza com o de Artur (Luiz Carlos Vasconcelos), homem misterioso e de poucas palavras, e o de ambos se entrelaça com o de Ciara (Claudia Assunção), uma mãe machucada moralmente.
Com bela fotografia e boas atuações, destaque para Diaz e Vasconcelos, o roteiro entremeia diálogos escrachados e divertidos com cenas mais densas de um drama rude e a pino. Assim, O Sol do Meio Dia vai conseguir “bronzear” uma parcela do público, ávida por filmes com proposta e linguagem diferentes, mas pode deixar muita gente na sombra, principalmente, aqueles que buscam um ritmo mais intenso.
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