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Carlos Henrique S.
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809 críticas
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4,5
Enviada em 11 de setembro de 2021
Sergei Eisenstein à frente de seu tempo, "A Greve" ainda é tão relevante e por diversas vezes durante o filme eu me peguei pensando sobre como tudo aquilo mudou 95 anos depois, e na verdade pouca coisa mudou. Fascinante é como o Eisenstein trabalha suas imagens com maestria, não é uma simples montagem, à frente de seu tempo não só no seu conteúdo que até hoje gera discussões, como também na sua forma de se comunicar através da montagem impressiona.
A luta é transmitida com crueldade, a montagem se faz valer com o uso da montagem tonal e dialética que impulsiona o drama em cena e propõe as relações implícitas, as metáforas do filme e assim trabalhava sua narrativa de forma inovadora. Para Eisenstein é necessário ser cruel para alcançar sua mensagem sobre a injustiça com a classe trabalhadora.
Do ponto de vista dos acionistas, o povo não passa de uma mera ferramenta de lucro, são tratados como animais sem valor e a polícia serve apenas para controlar o seu rebanho de animais. A brutalidade com que Eisenstein filma isso é desoladora, uma mãe com sua filha pequena é espancada de maneira covarde, uma criança é assassinada e o povo é uma presa prestes a ser abatida. É um filme tocante, cruel e que tem muito a ver com os tempos de hoje, infelizmente.
A Greve é um belíssimo ensaio do crítico/montador/diretor/roteirista Sergei M. Eisenstein antes de sua dita obra-prima O Encouraçado Poremkin, do mesmo ano. Digno de nota, porém, é saber que é seu primeiro longa, e já nesse trabalho notam-se as invencionisses e montagem usadas de maneiras tão originais quanto a novidade da sétima arte poderia desejar. Rodado sem diálogos, mas com uma trilha sonora que evoca a urgência e a dramaticidade dos acontecimentos, Eisenstein conta a história de uma greve entre operários usando para isso de 6 diferentes estágios, ou historietas, que didaticamente exploram a mente das massas pró-revolução.
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