Cinebiografias de músicos costumam seguir uma receita que é quase infalível. Rocketman, filme dirigido por Dexter Fletcher, tenta justamente seguir uma trajetória oposta – e mais original -, ainda que apoiado em certos clichês. A decisão do diretor revela-se acertada, afinal o filme que retrata a história de Elton John, um artista inventivo e extravagante, não merecia uma linha narrativa convencional.
Claro que o filme não se abstém de mostrar a ascensão de Elton John, que começou como um aluno prodígio de piano na prestigiada Royal Academy of Music e se tornou uma lenda da música no início dos anos 70. Claro que o filme mostra as relações conflituosas – notadamente com o pai (Steven Mackintosh) e com o empresário e amante John Reid (Richard Madden) – que ele estabeleceu ao longo de sua vida. Claro que o filme mostra a sua grande parceria pessoal e profissional com o compositor Bernie Taupin (Jamie Bell). Claro que o filme mostra que, ao redor de Elton, existiam pessoas tóxicas e que, talvez, nunca realmente acreditaram no seu talento, como a sua mãe, Sheila (Bryce Dallas Howard). Claro que o filme mostra que, no meio de tanto desamor, existia o incentivo e apoio, por meio da figura de sua avó Ivy (Gemma Jones).
Entretanto, o aspecto inventivo de Rocketman vem justamente da solução que Dexter Fletcher encontrou para inserir as músicas de Elton John na história. Sim, em alguns momentos, você verá a apresentação de alguns clássicos de seu repertório no palco; mas, na maior parte das cenas, as suas canções são inseridas como se fossem um retrato de determinados momentos da vida do cantor.
Isso que faz de Rocketman um filme diferenciado dentro do gênero em que ele se encontra. O longa é vibrante e emocionante e encontra uma simbiose perfeita na excelente atuação de Taron Egerton como o protagonista. O ator deu a sua interpretação a todas as canções de Elton e seus vocais não deixam nada a desejar aos originais. A sua imersão no papel, com certeza, é um dos pontos altos da obra.