Meu primeiro contato com as canções de Elton John foi através do meu irmão. Eu tinha 12 anos, quando ele chegou em casa com um Long Play (isso mesmo, a mídia era essa) e foi amor à primeira vista, ou melhor, à primeira ouvida. O disco era “Honky Château”, que nem todos conhecem, porém um dos trabalhos mais bonitos desse artista incrível.
É óbvio que virei fã. Lembro de meu irmão chegando em casa com um novo álbum, colocando-o no nosso aparelho de som, e eu decorando avidamente as letras que vinham impressas na contracapa. Reconheço hoje que elas falavam de sentimentos e emoções que, naquela época, eu mal podia entender, mas nada disso importava. Era pura e simples paixão por Elton e suas músicas.
Quando ele fez seu primeiro show no Brasil, eu, quase uma quarentona, estava lá. E enquanto a maioria da plateia aguardava os seus sucessos mais recentes, eu me orgulhava de cantar com o meu ídolo as composições do início de sua carreira e que fizeram parte da minha adolescência e juventude.
Por isso, o lançamento de Rocketman estava cercado de tanta expectativa . Não exatamente pela história mostrada no filme (seu verdadeiro nome, a relação distante com o pai, sua homossexualidade, o vício em álcool e cocaína, e a parceria com o letrista Bernie Taupin), que, acredito, a maioria dos expectadores já conhecia. Me interessava, sim, saber de que forma tudo isso seria exposto na telona.
A opção por ser um musical e tornar as canções do cantor o condutor principal da narrativa é a grande sacada do diretor Dexter Fletcher. De forma sensível, dramática, divertida, extravagante (assim como o vestuário), o filme retrata, e ressalta, o que é mais importante: a essência de Elton John. Suas músicas são sua vida e vice-versa. Sentimentos, traumas, amores e amizades, superação e renascimento desfilam em 121 minutos através da obra (e de algumas obras-primas) desse gênio que encantou e ainda encanta várias gerações. Interpretação impressionante e especialmente corajosa de Taron Egerton, que ousou cantar (algo que só parecia ser possível na voz do próprio Elton), além de elenco de apoio impecável. Merece Oscar? Vai levar? Quem sabe? Assista a Rocketman. Se você é fã, não vai se decepcionar. Se não for, acho que vira.