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Um dos filmes que mais aguardei o lançamento para assistir na tela do cinema e que não pude pois não veio para a região, uma lástima porque é um primor gráfico desde o primeiro segundo de filme. Me arrependo amargamente de não ter ido conferir em IMAX na cidade Ribeirão que fica à 100 Km de onde eu moro.Ah! E quem reclama de um baita filme como Blade Runner é porque tem no mínimo preguiça de pensar e espera um filme de ação e correria estilo Velozes e Furiosos (nada contra eu até assisto Velozes, mas é a pura verdade!). Confiram a “rezenha” crítica de Blade Runner 2049.
O filme se passa trinta anos após os acontecimentos do primeiro Blade Runner (não estamos nem perto do que tentaram passar no filme de 1982, felizmente. Confiram a “rezenha” crítica dele aqui) onde que durante este período ocorrem dois eventos cruciais na história e que são até comentados neste novo filme , o Blackout e a compra da Corporação Tyrell (empresa que criava os Replicantes) por Wallace (Jared Leto), para quem é fã da franquia ou quer ficar 100% inteirado antes de assistir o 2049 fica a dica de que existem três curtas oficiais que foram especialmente criados para explicar estes acontecimentos do filme e servem como introdução ao novo filme (estão no Youtube). Se você assistir 2049 sem assistir estes curtas não fará diferença, mas depois que acabei de ver o filme fui correndo assisti-los de tão pilhado que eu fiquei com o universo que revitalizaram.
O oficial K (Ryan Gosling) é um Blade Runner, ou seja, caçador de Androides e na busca incessante e fatal pelos últimos replicantes ainda fabricados pela Corporação Tyrel acaba descobrindo um segredo que pode afetar o modo como tudo é regido no mundo (isso mesmo não estou exagerando galera, na hora achei pastelão mas depois tem todo sentido).
Falar dos efeitos visuais e fotografia de Blade Runner é chover no molhado, ainda mais quando se trata da direção de Denis Villeneuve, que mesmo fazendo filmes sem alma (vide A Chegada, confiram “rezenha” aqui) nunca deixou a desejar nos quesitos técnicos seja qual foi seu projeto, não era pra menos, uma obra desta magnitude que originalmente fora dirigida nos anos 80 por um Ridley Scott ainda inspirado e que neste felizmente limita-se a produzir e roteirizar não poderia ter chamado um diretor melhor, se não fosse o canadense, seria de Christopher Nolan. Muitas cenas são memoráveis e emocionantes para quem ama essa tal de sétima arte.
Apesar da ansiedade não estava botando muita fé na história em si, afinal o filme foi vendido como se fosse mais do mesmo em sua essência, um remake e passagem de bastão disfarçado, entretanto as questões filosóficas e o desenvolvimento da obra surpreenderam-me, mostraram que o filme foi vendido ou divulgado de forma errada e que na verdade não entregaram nada no trailer, graças a Deus deixaram o melhor pro filme mesmo, ufa! Uma obra épica totalmente original sem esquecer-se de onde veio, uma aula de como se faz!
Um roteiro que desenvolve-se sem pressa e sabendo para aonde vai e quer chegar. O que me deixa mais puto é a grande maioria que fala que não gostou do filme por ser longo, porra se você vai assistir um filme e vê a duração (se isso é um pré requisito para você não gostar de filmes longos) e se depara com 165 minutos nem vai assistir então, se for usar essa desculpa que o filme não é bom. Todo mundo é livre pra gostar e odiar o que quiser e respeito quem não gostou por outros motivos, mas usar o tempo como isso chega a ser ridículo. Existem sim filmes excessivamente longos e que poderiam ser encurtados, mas a narrativa com a densidade e riqueza que criaram é impossível, como já adiantado, criaram dois curtas oficiais para não deixar o filme mais longo do que já é.
A apreensão estava pela trilha sonora que não seria do Vangelis e tanto eu como muita gente também estava apreensiva, no cinema existem vários exemplos de clássicos onde resolveram alterar a trilha sonora clássica e cagaram, mas dessa vez o dia foi salvo (ou futuro?), afinal Hans Zimmer estava no projeto e conseguiu transmitir nas diversas panorâmicas pelas cidades e cenas, ora com ação, ora extremamente dramáticas, as mesmas sensações que há trinta anos Vangelis também conseguiu. Uma tristeza injustificável e a desesperança tomando conta de nossos corações, um clima árido e pessimista que fisga os divagantes.
As discussões sobre ser ou não ser um humano e o peso de carregar a dádiva da vida foram atualizadas e são transmitidas sem ficar cansativo, você fica querendo inverter os lados das classes a todo o momento, fora outras questões abordadas durante o longa que são todas pertinentes e te fazem refletir.
Todo o elenco escolhido a dedo, Jared Leto eu achava que seria um vilão o filme todo mas ele quase nem aparece bem dizer, no entanto a intensidade do personagem e o que ele pode ainda trazer ao universo obriga a começarem PRA JÁ gravarem uma continuação e não esperarem mais trinta anos. Ryan Gosling e os demais atores (incluindo o Dave Bautista) estão excelentes, destruindo (no bom sentido) em suas respectivas atuações, conseguem trazer à tona tudo o que cada personagem representa, inclusive os sentimentos inexistentes que por exemplo replicantes teoricamente não tem.
Blade Runner 2049 poderia ter caído no famoso conto do vigário: superprodução, elenco oscarizado, super diretor transformando-se em uma bomba sem relevância alguma manchando toda a história e peso que seu anterior tinha. Só que não!
Conseguiu reinventar-se, em tempos onde a tecnologia não é novidade e não instiga o público a ficar temeroso como nos anos 80 (com exceção de Black Mirror), ainda sim traz questionamentos como a tecnologia pode ser nociva, nos distanciar do que é real como por exemplo um relacionamento. Fora isso Villeneuve deu uma aula de como respeitar uma franquia com a sua ótica e metodologia sem ficar curvando-se aos estúdios, respeitando os antigos fãs mas com uma nova história e como consequência conquistando muitos outros.
O engraçado é que a história se repetiu nos cinemas, ambos com bilheterias baixas, sendo considerados um “fracasso” financeiro, mas aí entra uma antiga discussão sobre quantidade e qualidade, também entra nessa como exemplo o filme Mãe! (confiram “rezenha” crítica e o que significa), o melhor filme de 2017 em todos aspectos também não conseguiu boa bilheteria. Será que fora o Mulher Maravilha (que além de boa bilheteria foi um filme excelente e com uma representatividade essencial) alguns outros serão lembrados e cultuados daqui alguns anos?
Iria assistir de novo? Com certeza, mas em um dia com tempo pra ficar de boa!
Minha nota é 5/5.