Minha conta
    Minúsculos
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Minúsculos

    Pequenos desafios, grandes soluções

    por Renato Hermsdorff

    Baseado na série de TV homônima criada por Hélène Giraud (filha do lendário quadrinista francês conhecido como Mœbius) e Thomas Szabo, Minúsculos, o filme, também dirigido pela dupla, mantém a técnica de inserir os bichinhos animados em computação gráfica sobre um cenário filmado, e o resultado é um verdadeiro deleite visual.

    A começar pelos belos cenários de floresta da França, onde se “passa” a ação do filme, passando pelo traço estilizado dos insetos – geralmente de olhos esbugalhados –, que são absolutamente encantadores. Por se tratar de um mundo em miniatura, o uso da macro, com desfoque do fundo, é bastante explorado, e vem a calhar para descortinar o movimentado mundo desses bichinhos, de organização invisível a olho nu.

    Nada disso funcionaria, claro, se não houvesse um bom roteiro por trás. E o que poderia ser mais cobiçado no micro mundo dos insetos do que um torrão de açúcar? Resposta: uma caixa de torrões de açúcar, que os animais encontram nos restos de um piquenique. Antes que o ecológico interlocutor vocifere contra quem teria deixado o lixo para trás, os realizadores se antecipam: o casal responsável por abandonar a cesta de guloseimas tinham pressa – trata-se de uma mulher grávida cuja bolsa se rompeu (e o que poderia ser mais urgente do que o iminente nascimento de uma criança? Sem resposta aqui).

    A partir daí, há uma invasão de insetos no local, o que desencadeia uma guerra entre colônias rivais de formigas, tendo no meio do conflito uma joaninha desgarrada da própria família. E um aviso: a batalha final, épica, tem tudo para agradar mesmo os mais exigentes fãs de O Senhor dos Anéis ou Game of Thrones

    Esse é basicamente todo o enredo do filme. Simples, um tanto quanto prolongado para um produção de uma hora e meia, é nos detalhes que motivam a superação dos pequenos sacrifícios que está a grande sacada do filme, baseados na ressignificação que eles dão para objetos, abandonados, do cotidiano dos humanos (não pense você

    que aquela caixa de fósforos que caiu do seu bolso evaporou no ar). As soluções são de uma criatividade inversamente proporcional ao tamanho dos insetos. Cada toca ou formigueiro guarda uma infinidade deles – tal qual a casinha do Snoopy –, com uma finalidade brilhantemente readaptada para as necessidades dos pequenos animais.

    Diferente de outras variações consagradas sobre o microtema, como Vida de Inseto e FormiguinhaZ, além da técnica, é a linguagem de Minúsculos: não há fala. Há, sim, uma humanização dos personagens mas, “mudo” (os sons são onomatopaicos), o filme consegue focar na imagem como principal atrativo, abrindo espaço para leituras individuais, de maneira lúdica, e conferindo um charme, europeu, ao resultado final.

    Quer ver mais críticas?
    Back to Top