O filme marca a estreia na direção de Régis Roinsard, que resgata a inocência e o charme das comédias românticas das décadas de ´50 e ´60. Embora o filme seja francês e se passe, obviamente, na França, ele lembra bem mais o tipo de comédias que Hollywood fazia ambientadas na Europa, do que, por exemplo, as típicas comédias americanas daquela época, que, na verdade não eram assim tão inocentes, cheias de diálogos com malicioso duplo sentido que muitas vezes se perdia nas legendas ou dublagens brasileiras. Nesse sentido, quem melhor resgatou o espírito deste tipo de humor foi o filme Abaixo o Amor (2003), com Renée Zellweger e Ewan McGregor
A Datilógrafa é colorido e despretensioso como um passeio num parque de diversões, desde que você entenda que este passeio no parque vai dar direito a algodão-doce e umas voltas no carrossel, mas que a roda-gigante e, sobretudo, a montanha-russa não fazem parte do cardápio. Ou seja, o filme é charmoso e leve, mas faz falta alguma reviravolta ou um pouco mais de dramaticidade. Ou mesmo provocar o riso em algumas situações que estão ali, prontas para serem exploradas, como quando Rose vai morar na casa de seu chefe.
Parece que o filme deu importância demais aos detalhes. A reconstituição de época - com refinados cenários e figurinos - a fotografia e mesmo os créditos de abertura do filme demonstram uma produção caprichada, que visa inegavelmente o mercado internacional. Mas embora a história da moça vinda do interior que vê sua vida mudada devido ao seu talento como "piloto" de máquina de escrever, seja simpática e agradável, o roteiro não foi bem desenvolvido, ficando tudo meio imerso num universo de nostalgia.
Tudo isso pode ser plenamente desculpável sabendo que é o primeiro filme do diretor e os atores estão tão imersos em suas personagens - principalmente a atriz belga Déborah François - que A Datilógrafa, no final das contas, se revela uma deliciosa comédia de época que nos encanta apesar de suas limitações.