Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice: Crítica AdoroCinema

Tim Burton ficou marcado em Hollywood por seu estilo único, que mistura elementos sombrios de fantasia com estética gótica, e rendeu filmes como Batman (1989), Edward Mãos de Tesoura (1990), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), A Noiva-Cadáver (2004), A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005) e Alice no País das Maravilhas (2010). Um dos seus primeiros sucessos foi Os Fantasmas Se Divertem (1988), que impulsionou a carreira do diretor e apresentou muitas das características que o fizeram famoso. Mais de 35 anos depois, o filme ganha uma continuação pelas mãos do próprio Tim Burton, Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice (2024).

Tim Burton retorna às origens em Os Fantasmas Ainda se Divertem

Warner Bros.

Em Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice, voltamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se reúnem após uma tragédia inesperada. Lydia Deetz (Winona Ryder), adulta, é mãe da adolescente Astrid (Jenna Ortega). A jovem introvertida, ao explorar o sótão da antiga casa, descobre a misteriosa maquete da cidade e, inadvertidamente, reabre o portal para o mundo dos mortos. Esse ato inesperado traz de volta o excêntrico fantasma Beetlejuice (Michael Keaton), que transforma a vida dos Deetz em um caos.

Os últimos filmes de Tim Burton foram decepcionantes, com o diretor se tornando uma paródia de si mesmo e de seu próprio estilo. Antes da sequência de Beetlejuice, seu último lançamento no cinema havia sido o live-action de Dumbo (2019) pela Disney, que foi um fracasso e fez Tim Burton considerar aposentadoria. Mais tarde, ele recuperou o fôlego com o sucesso da série Wandinha até retornar às origens com Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice.

Beetlejuice: O parque de diversões do Tim Burton

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Verdade seja dita, Beetlejuice é o parque de diversões do Tim Burton. Um espaço para ele brincar com a natureza caótica e criativa desse universo, resgatando a magia do começo de sua carreira. Por isso, a sequência é trabalhada de maneira artesanal como ficou marcado o filme original, com foco nos efeitos práticos – que estão presentes no uso de animatrônicos e stop motion, na construção visual de cenários práticos, assim como em figurinos e maquiagem dos personagens.

Tudo isso não apenas resgata essa sensação estética de "feito à mão", muito presente no começo da carreira de Tim Burton, mas também garante uma liberdade maior para o diretor trabalhar criativamente esse universo após tantos anos. Não espere nada tão original de Os Fantasmas Ainda se Divertem: a continuação é, acima de tudo, um passeio nostálgico e divertido por todos os elementos e personagens que conhecemos no filme de 1988, reunindo suas melhores (e mais amadas) características.

Tim Burton tem consciência disso e chega a recriar momentos icônicos do original – a famosa cena do jantar embalada por “Banana Boat (Day-O)”, de Harry Belafonte, dá lugar para uma inventiva sequência na igreja com “MacArthur Park”, de Richard Harris. Tudo mantendo a essência do original e com as influências de Tim Burton em todo canto, que vão desde os cenários inspirados no expressionismo alemão, até a estética gótica de terror italiano do Mario Bava (inclusive com uma cena em preto e branco estrelada por Michael Keaton e Monica Bellucci que emula as obras do cineasta).

Relação de Winona Ryder e Jenna Ortega é o coração do filme, com retorno caótico de Beetlejuice

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Jenna Ortega virou umas das queridinhas de Hollywood, especialmente por Wandinha, em que trabalhou com Tim Burton. Sua personagem, Astrid Deetz, uma jovem introvertida e desajustada, é o principal elo de ligação entre o clássico e o novo, especialmente pelo relacionamento conturbado com sua mãe, Lydia Deetz (Winona Ryder) – que está traumatizada por Besouro Suco após os eventos do filme original.

Esse encontro de diferentes gerações da família é o que move a trama de Os Fantasmas Ainda se Divertem, envolvendo também o retorno de Delia Deetz (Catherine O'Hara). Como o produtor revelou, a sequência é “um filme sobre mulheres” que estão tentando deixar seu passado para trás. Tim Burton explora bastante essa temática pelos personagens, refletindo sobre a morte e os impactos dos traumas em nossa vida, enquanto Besouro Suco, de Michael Keaton, volta para instaurar o caos.

O retorno de Michael Keaton como Beetlejuice (ou Besouro Suco, como é chamado no Brasil) não poderia ser melhor. A essência do personagem continua a mesma, com toda sua natureza caótica e anárquica, assim como seu comportamento tóxico e politicamente incorreto, que são fundamentais para a construção cômica e irreverente desse universo. Assim como no primeiro filme, Beetlejuice é um show à parte.

Enquanto Os Fantasmas Se Divertem era uma história simples, partindo de uma casa assombrada onde conhecemos o pós-vida e o fantasma demoníaco vivido por Keaton, o roteiro da continuação escrito por Alfred Gough e Miles Millar é inchado e se perde ao apresentar muitas histórias paralelas. Por mais que isso até seja interessante para se aprofundar nos personagens, não há tempo hábil para desenvolver todos eles. O maior exemplo disso é a Delores de Monica Bellucci, que serve como a principal antagonista na vibe de Morticia Addams e tem uma apresentação impactante, mas é deixada de lado ao longo do filme.

Mesmo assim, os novos personagens encaixam perfeitamente nesse universo criado por Tim Burton, especialmente o ex-ator, que serve como detetive no pós-vida, Wolf Jackson (Willem Dafoe), e Rory (Justin Theroux), namorado manipulador de Lydia.

Os Fantasmas Ainda se Divertem é nostalgia para fãs de Tim Burton

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Não só os fantasmas AINDA se divertem, como o próprio Tim Burton também parece estar se divertindo muito na continuação de seu Beetlejuice, recuperando a energia que tinha no começo da carreira e perdeu depois.

Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice é nostalgia pura para os fãs do filme original. Tim Burton retoma toda criatividade e natureza caótica na composição desse universo, focando nos efeitos práticos e recriando muitas cenas icônicas e elementos que marcaram Os Fantasmas Se Divertem.