Com seu primeiro trabalho “Coração Louco” sendo bastante elogiado pela crítica, o diretor/escritor Scott Cooper reuniu um elenco colossal com os Vencedores do Oscar Christian Bale e Forest Whitaker e os Indicados Casey Affleck, Woody Harrelson, Sam Shepard, Willem Dafoe para apresentar um cruel e violento drama familiar que mostra que um homem "faz o que é preciso" perante as circunstâncias da vida, buscando justiça (ou mesmo se rendendo ao desejo de "consertar" com suas próprias mãos as adversidades que a vida lhe impôs), independentemente das consequências.
No filme, Russell Blaze (Bale) não tem uma vida fácil. Trabalha duro em uma siderúrgica para se sustentar, perdeu a mãe cedo, tem um pai doente e um irmão mais novo, Rodney (Affleck), um jovem inconsequente que é atormentado pelos fantasmas da Guerra do Iraque e se recusa a trabalhar na mesma fábrica que seu pai e irmão. Como se não bastasse, Russell acaba se envolvendo em um acidente ao dirigir alcoolizado e vai preso, desencadeando uma série de tragédias na sua vida e de sua família. Nesse meio tempo, Rodney, já afundado em dívidas e precisando de dinheiro, passa a participar de lutas clandestinas e acaba se envolvendo com homens violentos e extremamente perigosos (Dafoe e Harrelson).
Tudo por Justiça é um filme que se destaca pelas fortes e excelentes atuações, com destaque para Bale e o explosivo Affleck, que bastante à vontade com seu personagem complexo e atribulado, proporciona uma atuação muito intensa. Vale lembrar que em seu filme anterior, o diretor Cooper concedeu a seus dois protagonistas uma indicação (Maggie Gyllenhaal) e um Oscar (Jeff Bridges), mostrando ser um diretor que consegue extrair muito do potencial de seus atores. Inclusive, Cooper havia prometido o papel principal de “Tudo por Justiça” a Bale em 2011, mas por conflitos de agenda as gravações começaram apenas em 2012.
Embora não tire os méritos do projeto, a fraqueza do filme está no roteiro de Cooper e Brad Ingelsby, que apresenta alguns problemas quanto ao foco da narrativa. Após dedicar boa parte da história nos apresentando aos personagens em ritmo muito desacelerado, o filme oscila na sua metade ao ceder a tentação de utilizar alguns clichês de filmes de ação, com alguns diálogos e situações previsíveis. Os pontos fortes são muitos, como por exemplo, o belo trabalho da direção de arte e da fotografia de Masanobu Takayanagi (de Guerreiro e O Lado Bom da Vida), que deu a tonalidade necessária para refletir a difícil situação da família e a crise econômica que teve grande impacto nas cidades menores, onde além da falta de segurança, o crime é tratado de forma cautelosa pela polícia e não há perspectiva de melhores empregos e carreira, tornando o futuro mais incerto e a esperança mais remota.
“Tudo por Justiça” volta aos trilhos certos no último ato, onde Bale transmite com perfeição a complexidade de suas ações mediante as circunstâncias que a vida lhe impôs. Embora um tanto caricato por conta de algumas overdoses de violência e clichês, a profundidade das atuações do excelente elenco tornam a obra notável e um drama de grande quilate. Quanto ao diretor Scott Cooper, demonstrou em seus dois trabalhos até aqui uma grande afinidade com seus elencos, embora ainda precise melhorar seus roteiros ou se focar na direção, que é mesmo o seu forte, para que seus trabalhos se tornem mais sólidos e regulares, e já vai se destacando como um dos mais promissores diretores da nova geração.