Pegando fogo.
Algumas franquias cinematográficas, geralmente, tendem a cair em qualidade diante de famigeradas continuações. Muitas delas ficam no esquecimento devido a essa queda, porém, existem outras, como JOGOS VORAZES, que conseguem criar um salto estratosféricos em diversos aspectos.
JOGOS VORAZES EM CHAMAS, agora aos cuidados do diretor Francis Lawrence (Constantine, Eu Sou a Lenda) nos apresenta ao dia-a-dia dos ganhadores da última edição do torneio que dá nome ao filme. As dificuldades enfrentadas por ser alvo da imprensa ficam nítidas a todo momento, já que a superficialidade da vida dos elitizados exigem saber o que fazem aqueles que se tornaram a atenção de todos da noite para o dia.
Nesse vai e vém, a responsabilidade também recai sobre os menos favorecidos, pois começa a se fortalecer a idéia de rebelião, uma vez que o casal vencedor precisar visitar todos os outros 11 distritos participantes para comentar sobre a experiência dos jogos. Nesse momento, a carga dramática se eleva exponencialmente, pois a protagonista Katniss (Jennifer Lawrence) começa a perceber de forma ainda mais evidente do que são capazes as forças da capital para conter possíveis rebeldes, mesmo que façam pouco para transparecer isso.
A carga política aqui também ganha ainda mais força, pois a idéia de liderança, ainda que superficial, de uma possível rebelião contra a Capital, desperta a ira dos poderosos, mostrando-se capazes de qualquer atrocidade para conter o alastramento dos ideais rebeldes. Algo muito similar a 1984, de George Orwell. Algumas situações como a festa que celebra os novos jogos e que a Capital não conteve recursos, a protagonista chega a ironizar a atitude de um membro da elite com a frase "Enquanto algumas pessoas não tem o que comer, aqui vocês vomitam para poder comer mais".
Nessa continuação, temos a adição de ótimos personagens como Finnick, Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman, fabuloso como sempre), Beetee, entre outros... isso por conta da decisão de aproveitar a ocasião da 75ª edição dos jogos para fazer algo inusitado até aquele momento. Por falar em jogos, eles se tornaram ainda mais violentos, pois as manipulações feitas pelos produtores dentro da ilha visam dificultar a vida dos participantes como nunca, criando elementos mortais que exigem preparo físico, inteligência e raciocínio rápido para lidar com eles. E diga-se de passagem, o orçamento maior da produçõ facilitou e muito isso.
Jennifer Lawrence, novamente, brilha como atriz. Sua interpretação encarna a personagem de tal forma que parece viver as situações pelas quais passa, sejam de satisfação pelo reconhecimento de verdadeiros amigos ou mesmo na troca desafiadora de olhares, principalmente com o President Snow. Ela consegue criar um empatia com o expectador a cada momento que sua performance exige, pois passamos a torcer por ela e como lidará com suas responsabilidades. Algo vital para um filme com o conteúdo que a história nos apresenta.
Sem dúvida alguma, o maior mérito do filme está em seu roteiro, inteligente, perspicaz, ousado e contemporâneo. Embora seja qualificado como filme de ação, está longe de assim ser. É um obra cinematográfica cuja maior característica está no drama político arquitetado ao longo das 2h e 20min de película que passam ser serem percebidas, findando na armação de algo que parece ser ainda mais complexo do que imaginávamos, deixando aquela sensação irreparável de saber o que vem com JOGOS VORAZES - A ESPERANÇA.