Ação e câmera frenética
por Lucas SalgadoConhecido pelo roteiro de Dia de Treinamento, David Ayer vem se revelando um nome bem interessante no que diz respeito ao gênero policial. Após dirigir Tempos de Violência e Os Reis da Rua, ele, agora, realiza seu trabalho mais consistente. Marcados para Morrer conta com uma ação ininterrupta, personagens cativantes e uma trama tensa e interessante.
Jake Gyllenhaal e Michael Peña vivem Taylor e Zavala, dois policiais que patrulham pelas ruas de um bairro pobre de Los Angeles, se deparando com pequenos delitos e grandes crimes. Eles se veem em meio a um conflito entre a população afro-americana e os imigrantes hispânicos, que desejam tomar a área sem medo de derramar litros e mais litros de sangue.
Após apreenderem uma quantia de dinheiro de um cartel, Taylor e Zavala se verão na mira dos bandidos, mas ainda assim seguem com suas vidas. O primeiro começa um relacionamento com a bela Janet (Anna Kendrick), enquanto que o parceiro está prestes a ter seu primeiro filho.
A química entre Gyllennhaal e Peña move o filme e é brilhantemente fotografada por Roman Vasyanov, em seu trabalho mais significativo. A câmera é praticamente um personagem da produção. Inicialmente, pode incomodar um pouco por algumas cenas muito frenéticas, que misturam câmera na mão com a visão subjetiva de um personagem filmando. Mas com o tempo, o espectador se acostuma e até passa a admirar a cinematografia, que acaba ganhando uma personalidade bem interessante. Salvo algumas tomadas aéreas de uma L.A. noturna, quase todas as cenas são feitas com a câmera na mão, o que dá ao filme uma sensação de movimento permanente.
Como todo bom longa policial, Marcados para Morrer retrata bem o ambiente do departamento de polícia. A interação entre os oficiais é bem interessante, lembrando um pouco o ambiente escolar. Temos o cara que ninguém gosta, mas que por algum motivo é respeitado pelos chefes, a recruta inexperiente e aqueles que só gostam de tumultuar o ambiente.
Natalie Martinez, David Harbour, America Ferrera e Cody Horn completam o elenco da produção. A primeira vive a esposa de Zavala, enquanto que os outros três são policiais que trabalham com a dupla principal.
Quem gosta de uma boa ação tem tudo para aprovar o filme, que tem muito tiro e correria, além do linguajar sujo e da defesa de uma "ética da rua". Ayer, mais uma vez, conseguiu criar uma história tensa e envolvente, contando com a ajuda fundamental do montador Dody Dorn, indicado ao Oscar pelo maravilhoso trabalho em Amnésia, de Christopher Nolan.
End of Watch (no original) conta ainda com uma excelente trilha sonora de David Sardy (Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes), mas o destaque vai mesmo para a seleção musical, que segue o ritmo frenético do longa. Ao todo são 109 minutos de muita ação e a grande vantagem é que a tensão é quase que permanente durante todo filme, o que não acontece, por exemplo, em Os Reis da Rua.