Cães De Guerra: Críticas - Página 4

Cães de Guerra é um filme destoante, principalmente porque parece não se encontrar dentro de sua proposta, pois ao surgir como uma comédia, contém inúmeros exageros numa tentativa de assumir uma postura mais séria. Não somente falha em fazer isso, como prejudica a si próprio, se tornando superficial e encontrando uma escassez de comicidade impressionante, preferindo deslumbrar-se com aquilo que não devia. Assim, quando tenta construir uma lição de moral condizente, Todd Phillips acaba por se equivocar completamente, confiando em exposições o que devia fazer em ações no seu filme.

O filme conta a história de uma dupla de amigos que ficam ricos vendendo armas para o governo americano através de um site de leilões.

O diretor consegue transitar muito bem entre o drama e os tons cômicos principalmente centrados em Jonah Hill. O ator faz papel similar ao papel em Lobo de Wall Street, mas com muita competência; assim como Miles Teller. O filme agrada muito ao bater no tema armamentista americano e seu comércio legalizado e sem fiscalização.

Baseado em uma história real, o diretor faz uso da trilha sonora de forma funcional à cena embalando a platéia em vários momentos.

Dirigido por Todd Phillips, responsável pela trilogia Se Beber Não Case, Cães de Guerra conta a história dos amigos David e Efraim que, depois de vários anos de fracassos pessoais e profissionais, ingressam no mundo do tráfico internacional de armas.

Os personagens principais são interpretados pelos jovens e talentosos Miles Teller (Whiplash – Em Busca da Perfeição) e Jonah Hill (Anjos da Lei), tendo ainda Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida) como coadjuvante.

Amigos de infância e separados por décadas, David (Teller) e Efraim (Hill) se reencontram no funeral de um conhecido. Nesse momento Efraim conta sua trajetória após trabalhar com um tio na venda de armas pela internet. Agora, depois de ter ganho essa experiência, ele tem novas ambições e convida o amigo David para participar. David por sua vez está cansado de suas fracassadas tentativas de sucesso, seja fazendo massagens em milionários ou na tentativa de vender lençóis “premium” para casas de repouso, negócio em que apostou todas as suas economias.

O roteiro é de Stephen Chin, Jason Smilovic e Tood Phillips, baseado em artigo da revista Rolling Stone que conta a história de dois jovens com pouco mais de 20 anos envolvidos em negociatas milionárias e muito mais complexas do que eles poderiam dar conta. Através de uma brecha nas leis do governo, Efraim encontra espaço para entrar no negócio de venda de armas e competir com gigantes do setor, mas, para essa empreitada, precisa de um parceiro. É onde o desesperado David entra. Rapidamente as coisas começam a dar certo e David, mesmo com uma porcentagem menor nos lucros, ganha em semanas uma quantia que jamais ganharia em toda sua vida de trabalho duro.

À frente da empresa AEY, os amigos não param por aí, e junto de um contrato de 300 milhões de dólares aparece a figura de Henry Girard (Cooper), um lendário e perigoso contrabandista internacional de armas. É a partir de então que as aventuras dos jovens aumentarão ainda mais em intensidade e perigo.

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Na história, o personagem Efraim a todo instante revela sua admiração por Scarface, seja no papel de parede atrás de sua mesa, citações ou outros elementos do filme interpretado por Al Pacino e dirigido por Brian De Palma. Outras inspirações e referências também estão presentes em Cães de Guerra desde o primeiro instante.

Na cena inicial, que na verdade é umas das últimas, a voz off do narrador e outros pequenos elementos, como frases fazendo a vez de títulos de capítulos ou o congelamento da imagem enquanto a história é contada, remetem prontamente à filmografia de Martin Scorsese. Estão ali Cassino, Os Bons Companheiros ou o mais recente O Lobo de Wall Street, este reforçado pela presença de Jonah Hill. Tais referências quase incomodam pelas semelhanças às vezes exagerada. Contudo, Hill está muito bem e o filme é dirigido com força e segurança, mostrando uma história intensa de cenas e diálogos interessantes, o que faz com que o filme consiga se manter.

De qualquer forma, mesmo com tantas referências, Phillips parece ter tido dificuldade maior de se livrar da sua própria trajetória, principalmente no que diz respeito aos filmes de comédia, que são maioria em sua filmografia. Resta saber, é claro, de suas intenções com Cães de Guerra, pois apesar de contar uma história perturbadora, uma grande falha nas políticas militares dos EUA, o longa não vai muito a fundo na questão, permanecendo na superfície em que seus personagens são protagonistas. Há algumas alfinetadas, é verdade, mas não um “texto” maior sobre o assunto.

Ao fim, Cães de Guerra destaca-se mais pela comédia do que pelo drama, que aparece menor na tela. Apesar de se tratar de uma história baseada em fatos reais, é quase inverossímil o que se vê na tela, mas, como já foi dito certa vez, o cinema não é a arte que usa da mentira para mostrar a realidade?