Caçando Doidos
Apesar de ter participado de diversos filmes de ação com resultado bom ou mediano, Liam Neeson, por si só, já vende a imagem do filme com o despertar da curiosidade natural de qualquer espectador. Muito disso se deve ao fato de que temos a facilidade de associar um bom resultado simplesmente a um ator presente na película, algo como dar tiro no escuro, mas geralmente tentador de se fazer.
CAÇADA MORTAL, cujo título original é "A Walk Among the Tombstones"(!?) mostra Neeson como Matt Scudder, um ex-policial que trabalha como detetive particular. O filme já tem, em sua abertura, uma rápida sequência de ação que mostra as razões de Scudder abandonar o serviço militar, embora só saibamos de fato mais tarde, quando isso é detalhado pelo personagem. Na nova profissão, o detetive aceita, mesmo relutante, a trabalhar para um traficante de drogas local. O finalidade é descobrir os responsáveis pelo sequestro e morte da esposa do traficante.
O objetivo de sua empreitada ganha contornos diferenciados quando Scudder descobre que o assassinato não foi o primeiro, mas já tem se tornado uma série de crimes brutais. A razões que motivam tais assassinatos são entregues pouco antes da metade do filme, assim como os responsáveis, o que deixa a sensação de tensão bem amenizada. Algo como ocorreu com o fraco Cálculo Mortal, que começa mostrando os assassinos de fato, deixando a investigação apenas para capturá-los. Óbvio que Caçada Mortal tem mais pedigree que o citado filme de Sandra Bullock, mas fica aquém de filmes tensos como Beijos que Matam e Na Teia da Aranha.
Neeson por sua vez é um ótimo interprete, passeando pelas mais diversas situações em que seu personagem se depara, com a competência habitual de um ator experiente. Em certo momento, sua negociação ao telefone chega a dar aflição pelo tom provocativo que usa com os sequestradores, só vendo para identificar isso.
Embora seja vendido como filme de ação, não espere muito dela, já que temos ação de fato em duas situações apenas, no começo e no final do filme. Pelo menos o filme não tenta atrair atenções abusando da violência gratuita, apenas citando ocorridos e o resultado delas, escolha bem acertada do diretor Scott Frank.
Apesar da pouca tensão criada no filme e um roteiro relativamente bagunçado, CAÇADA MORTAL é um passatempo mediano, com doses homeopáticas de tensão e um final convencional. A excessiva exibição dos vilões tira muito da tensão do filme, mas não o mérito total da produção, que até convence e entretém de forma natural.
Obs.: Nem citei o suposto ajudante (TJ) de Scudder, pois o mesmo parece fruto de algo feito às pressas para prolongar o filme.