Se você pegar o telejornal desta noite, seja ela qual for a noite que esteja lendo isto, provavelmente vai ter notícias de violência. Independente de sua natureza, familiar, marginalizada, contra animais, enfim, nem que seja uma vai ter. Isso é complicado, pois o Estado não consegui dar segurança para seus moradores por vários motivos, e aí vem a cabeça inúmeros motivos, corrupção, drogas, falta de polícia, falta disso ou falta daquilo, isso também não importa muito, pois nunca vai se resolver o dilema, segurança e liberdade na democracia.
Para o filósofo Zigmunt Bauman a democracia se divide em segurança e liberdade. A democracia perfeita vai buscar o intermédio entre esses dois fatores, o que é uma missão complexa, pois aqui no Brasil, talvez, devido aos 21 anos de regressão militar, nosso governo e os cidadãos brasileiros escolheram ter muito mais liberdade do segurança. Então o governo trabalha com isso sempre, todo mundo é livre, o que não é ruim, mas abre a varias complicações possíveis.
Diferente do que acontece nos Estados Unidos, onde a questão segurança é muito mais forte do que a liberdade. Os americanos não são tão livres como os brasileiros, mas tem um pouco mais de segurança. Claro que há problemas nos dois casos, talvez você diga que o Brasil não é tão livre ou diga que há problemas de segurança nos Estados Unidos, o que é verdade também, mas de forma geral são dois exemplos muitos distintos de democracia.
Mas o que quero dizer é que é isso que vêm à cabeça quando assisto ao filme Doador de Memórias, pois nesse filme, o que se apresenta é uma sociedade totalitarista, com um toque de comunismo, que controla a tudo e a todos. Desde pequenos, os moradores dessa sociedade são controlados pelo governo ou por alguém que se entende sabedor do que é melhor para todos.
Tudo que se mostra nocivo para esse conjunto de pessoas é banido para longe de todos, é contido sobre o domínio rigoroso do governo. Tudo que se aproxime de qualquer tipo de emoção fica longe dessa sociedade, seja alegria, felicidade ou tristeza. Até mesmo ações comuns na nossa sociedade como escolher um emprego ou fazer sexo são extintas dessa sociedade, assim o controladorismo de mantém absoluto e irrevogável.
Mas até onde vale essa intervenção do Estado? Até onde esse controle do Estado é confiável? se é que pode se confiar.
São algumas questões implícitas nesse filme. Nesse filme apocalíptico, nos podemos ver, talvez, uma evolução da democracia, pois nas extremidades das situações políticas hoje, é claro que o extremismo pode aparecer, e aí se movem novamente políticas como comunismo, fanatismo, fascismo e totalitarismo.
Mas assim, o filme é romântico com o seu final, e da sua obscuridade em preto e branco, o protagonista acha as cores pela revolução contra tudo e todos dentro daquela sociedade. De forma leve e até fantasiada, nos confronta com algo possível dentro da nossa sociedade. Claro que seria difícil de outro governo autoritário chegar ao poder hoje, mas é aí que vem a grande contribuição desse filme, para nos lembrar o que não queremos novamente, como esse governo aí do filme.
Outro ponto lindo nesse filme é o peso dos dois grandes atores, Jeff Bridges e Meryl Streep. A interpretação dos dois só ajudam a alavancar esse filme que em alguns pontos se mostra muito parado e sem ações.
Então, se você gosta de ver filmes de ficção científica, talvez, buscando saber um pouco do que pode acontecer, veja esse filme e entenda que uma evolução de política pode acontecer, claro que pode ser melhor ou pior, que nem essa.