Jonas desde o inicio da trama demonstrar ser incomum, ele faz parte de uma sociedade descolorida e cheia de padrões (posteriormente chamado pelo Doador de mesmice), ele é filho de um criador e de uma agente da lei e tem como irmã Lily, uma adorável nove prestes a aflorar sua vida. Até que um dia chega seu dia de passar pela cerimonia de doze e receber sua atribuição e é nesse ponto que sua vida muda.
A atribuição de Jonas é a de Recebedor de Memórias, a mais misteriosa e honrosa das atribuições existentes, mas no decorrer da trama ele descobre de diversas formas que pode ser o mais honrado dos atribuídos mas que também pode ser o mais perigoso dos elementos pondo em risco tudo que essa sociedade aparente representar ao buscar provar que o certo não é o atual rumo das coisas.
Esse é um filme espetacular, ele destaca bem as fases de desenvolvimento, começamos com a utopia preta e branca e com o decorrer do surgimento das cores vemos a distopia se revelando, o que prova cada vez mais que a realidade nada mais é do que a diversidade e que a utopia é algo antiquado, mostra que a realidade é distópica e não adianta idealizarmos a perfeição pois não há uma ordem verdadeira se a desordem não for a fonte dela. Um ótimo filme, com um ótimo enredo, porém muito acelerado, o que acaba enchendo o expectador de informações para só depois dar um leve pausa para ele entender o que houve (quando há a pausa).
Considerando a parte de adaptação, visto que é baseado num livro, vamos ao ponto de tensão. O filme em si acelera fatos do livro de forma a torna-los existentes sem que o filme perca o tempo necessário, e faz isso de uma forma que surpreende, o que é bom já que as vezes a quebra da premeditação tem um ótimo efeito (como nesse caso), há outros fatos que são adicionados que dão um sabor melhor, coisas que não estavam explícitos no livro se transformam em cenas que completam o quadro pintado no decorrer da trama, coisas que poderiam passar despercebidas se diluem em fatos. Mas nem tudo são flores no reino do preto e branco, algumas adições acabaram por destoar algumas ideias do livro, uma delas é o romance entre Jonas e Fiona, que apesar de desejável no livro é totalmente interceptivo para a trama e sua adição no filme prova isso, outro fato é que a “marca” que indica a linhagem dos recebedores deixa de ser um simples tom de olhos (o que foi destruído simplesmente pelo fato de diversidade de cores de iris dos atores, fato que poderia facilmente ser corrigido com o uso de lentes) para se tornar uma marca realmente.
Considerando todos os fatos, posso dizer que o filme se considerado independentemente recebe uma nota 4,0 por ser tão intenso, surreal e interessante mas ser corrido demais para ser compreendido, considerando como adaptação, pode se dizer que uma nota 2,5 seria o ideal, mas devido às adições que complementam o conteúdo do enredo sem prejudicar a trama ou a fidelidade ao livro, subo essa pontuação para 3,0. Dessa forma teremos uma nota media de 3,5.