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    Sentimentos que Curam
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Sentimentos que Curam

    Vida adulta

    por Francisco Russo

    Se tem um ator que, ano após ano, tem se firmado em Hollywood com atuações consistentes, este é Mark Ruffalo. Após sua primeira indicação ao Oscar, por Minhas Mães e Meu Pai, ele tem emendado bons trabalhos em filmes como Mesmo Se Nada Der Certo, The Normal Heart, Foxcatcher e, agora, Sentimentos que Curam. É Ruffalo quem sustenta este frágil longa-metragem, calcado especialmente no difícil relacionamento entre pai e filhas.

    A história gira em torno do casal formado por Ruffalo e Zoe Saldana (apática), que teve duas filhas apesar do fato dele ser maníaco-depressivo desde jovem. O título original, “Infinitely Polar Bear”, é uma referência à doença, já que a caçula confunde bipolar com “polar bear” (urso polar, em inglês). Os constantes colapsos nervosos, mais uma boa dose de protecionismo, fizeram com que ele se afastasse da família e vivesse em um hospital psiquiátrico. Mas a situação financeira aperta e a mãe decide estudar fora para ver se consegue encontrar um emprego melhor. A saída? Que ele volte para casa e cuide das filhas.

    Investindo forte no tema da família disfuncional, a diretora estreante Maya Forbes basicamente situa todo o longa-metragem nas dificuldades enfrentadas pelo pai ao conviver com as filhas, e vice-versa. Em momento algum é posto em dúvida o amor que ele sente por elas, apenas a dificuldade em assumir o papel dele exigido pela vida adulta. Por mais que seja até curioso ver as tentativas do personagem de Ruffalo ao se adaptar à uma vida normal, e o fato do filme colocá-lo quase em pé de igualdade em relação às garotas, a insistência em torno do mesmo tema acaba cansando. Ainda mais pelo fato do roteiro não buscar qualquer variável que não seja o convívio do trio, sem coadjuvantes que agreguem à história ou até algum tipo de viés psicanalítico, que sustente o estado de Ruffalo. É ele e as garotas por 90 minutos, basicamente isto.

    Diante da morosidade do roteiro, Sentimentos que Curam (péssimo título nacional!) é um filme até bem intencionado, mas sem ter muito a dizer. Ruffalo se esforça, entregando uma atuação repleta de cacoetes e trejeitos que jamais soam exagerados e até criam uma certa simpatia pelo personagem, mas sem ter com quem dialogar no longa-metragem fica difícil – ainda mais diante da intérprete da caçula, Ashley Aufderheide, que grita o tempo todo. Um ponto interessante é o comentário feito por Zoe Saldana em relação à diferença sobre como brancos e negros são vistos pela sociedade quando estão na pobreza, refletindo o preconceito existente nos Estados Unidos. Por outro lado, é uma pena que o tema seja apresentado de forma tão superficial no longa-metragem. Mais uma mostra de que a intenção da diretora não era outro além de falar - apenas - da relação entre pai e filhas.

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