UMA DECLARAÇÃO DE AMOR A PARIS
Muito oportuna, aliás! Mas, o que há para dizer deste filme, baseado em história de jornal, adaptada para um livro e peça teatral, e agora para as telas, é de que o grande cineasta alemão Volker Schlöndorff continua em forma.
E o que isso quer dizer? Continua mestre na arte de iluminar um caso, iluminar uma história, mesmo que não tenha assim ocorrido de fato? Sim, mas não apenas isso. Nascido no contexto do cinema novo alemão, como seus conterrâneos, Herzog, Fassbinder, Von Trotta, Wim Wenders, Schlölondorff é talvez um dos menos conhecidos de um público maior. Cinéfilos não contam, no caso! Mas, se tivesse apenas feito "O Tambor", já estaria no panteão dos grandes da história do cinema alemão, do cinema de resistência, do cinema social e político.
O anterior que tivemos oportunidade de assistir apenas na TV, "O mar ao amanhecer", de 2011, também produzido na França, como este "Diplomacia", é um primor de poesia ao tratar mais uma vez do tema que não quer calar na história do Séc. XX, a Segunda Guerra Mundial, o Nazismo e tantos outros autoritarismos responsáveis pelas atrocidades contra os seres humanos frágeis e desprovidos do mínimo de proteção.
Duas convivas na sala de cinema, ao final da sessão em que assisti ao pequeno filme de Schlölondorff, disseram no frescor de suas conjecturas sobre o que acabaram de ver: não fossem os atores, a história é bobinha, ou coisa que o valha. Talvez, por não terem ainda vivido o suficiente e/ou tomado pulso do que foi e tem sido a história dos povos, diante das guerras, ditaduras, regimes obscuros, repressão, crime organizado, enfim, eram duas jovens moças, talvez não tivessem vaticinado tanta irresponsabilidade para com o veterano diretor. Tinham razão no plano do trabalho dos dois atores, de fato, detentores de uma força de interpretação e carisma, prendendo a atenção dos espectadores. Tivessem um pouco mais de história, lembrariam de outros trabalhos do cineasta alemão e melhor, de tantos outros filmes que trataram dos temas pungentes da guerra.
Se foi daquele jeito ou não que se evitou que Paris fosse destruída, pouco importa. O que importa é que Paris não foi destruída, como foi Berlim, por puro ato de vingança de Stalin, contra Hitler que havia perpetrado carnificina e destruição urbanística em Leningrado. Além das perdas humanas, claro, o maior crime, a destruição de patrimônios que não são apenas das populações das cidades ou dos países em questão, mas da humanidade, a insânia de tiranos como sabemos não tem limites.
Infelizmente, a história continua se repetindo com os episódios perpetrados por grupos como o EI, que advoga pela primazia da "melhor" interpretação do Alcorão. E, com isso, decapita pessoas e destrói patrimônios arquitetônicos e artísticos, não de um país ou de um povo, mas da humanidade. Isso é intolerável!