“Holy Motors” é um daqueles filmes que são completamente ocos em significados exatos, mas são extremamente amplos em interpretações. O primeiro longa em mais dez anos do diretor francês Carax é um filme audacioso que passeia por diversas vertentes do cinema com facilidade. Indo do drama, passando pelo horor e um pouco do erótico, e chegando até numa fase musical, o longa pode ser entendido como uma homenagem não só ao cinema, mas para a arte em geral. Porém, também, pode ser entendida como uma discursão conotativa sobre o sentido da vida, ou melhor, a falta dele. Mesmo assim, ainda é possível encontrar diversas críticas, principalmente, aos filmes hollywoodianos. Apesar de ser cheio de referências à filmes, livros e obras de arte, não se precisa entende-las para acompanhar a história mágica do filme, que guia o espectador por diversos espaços com as mais variadas personagens. Uma atuação completamente volátil de Denis Lavant, em, de longe, seu melhor trabalho, a firmeza de Edith Scob e a fragilidade de Kylie Minogue constroem uma concha de retalhos muito interessante e, mesmo que por vezes bizarra, bonita de ser ver. Brincando com os sentimentos do público, o diretor constroem uma trama fragmentada e que, para uns é cheia de furos, para outros é recheada de amplos significados. Assim como toda grande obra, o longa é um grande divisor de opiniões em quase todos os seus pontos, porém a bela direção de arte, a inquietude do diretor e, claro, as ótimas atuações configuram ao filme o tom misterioso e poético perfeito para que você se imagine e se perca nesse novo mundo.