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    Holy Motors
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    3,9
    79 notas
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    13 Críticas do usuário

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    Marcio S.
    Marcio S.

    101 seguidores 126 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 1 de junho de 2013
    HOLY MOTORS

    Já falei desse filme sucintamente no início do ano. Como falei é um filme para ser desvendado a cada momento que é assistido. Apesar de difícil, é um filme que vale a pena tentar interpretá-lo. Um filme que não tem respostas fáceis e por isso nos instiga.
    Descrever uma sinopse do filme é escrever para explicar o nada. Logo no início temos imagens em preto e branco de um garoto correndo e um homem que arremessa algo no chão. Essas imagens foram capturadas por Étienne-Jules Marey. Ele elaborou um trabalho importante no desenvolvimento da cardiologia, da aviação, foi um dos pioneiros da fotografia e da história do cinema. Sua pesquisa sobre como capturar imagens em movimento ajudou o campo emergente da cinematografia. Então nosso diretor Leos Carax vai buscar no começo da captura de movimentos, ou seja, no início da cinematografia essas imagens para dentro do contexto do filme, criticar o cinema contemporâneo e nos dizer que precisamos retornar ou reinventar um novo cinema. Arrisco dizer que essas imagens buscam também, novamente dentro do contexto do filme criticar aqueles que vêem no cinema um passa tempo, espectadores que estão perdendo o encanto por essa arte. Sobre isso irei falar mais adiante.
    Após alguns letreiros e essas imagens o filme se inicia com uma platéia dormindo no cinema. Apesar de não estarmos vendo as imagens parece uma cena dramática, tensa, em que há um assassinato, porém nossa platéia no meio desse suposto assassinato se encontra indiferente. O som que sai do filme acaba passando pelas paredes do cinema e acorda alguém que dormia em um quarto. Esse, digamos dorminhoco, é nosso diretor, Leos Carax que acorda com esse som. Em seguida ele busca saber de onde vem esse som e somos presenteados com uma cena surreal e descobrimos que nosso dorminhoco estava apenas a uma parede da sala de cinema. Podemos pensar que esse cinema que nos provoca uma indiferença com que se passa na tela, nos faz entrar em um estado letárgico e assim faz com que nosso diretor reflita, ora nostalgicamente ora tentando elaborar um filme de vanguarda, fazendo com que pensemos como estamos vivendo um cinema mais pobre e como os cineastas devem também pensar no que fazer para realizar um cinema novo. Pensando dessa maneira alguns irão pensar em pretensão, mas para mim ele quer que nós (cineastas e público em geral) acordemos e reflitamos sobre uma mediocridade que estamos vivendo em termos de arte cinematográfica (como já falei anteriormente é lógico que essa afirmação está sujeita a inúmeras exceções e que é mais usado para sugerir do que definir).
    Logo depois desse momento surreal somos apresentados ao Sr. Oscar (Denis Lavant) que após se despedir aparentemente de sua família vai trabalhar como muitos fazem todas as manhãs. Só que seu trabalho é acompanhado por uma motorista, que dirige uma limusine, que o leva a vários locais de Paris para ele se transformar em outra pessoa, ou porque não dizer em outro personagem. A partir desse momento entramos na montanha russa que é a vida do Sr Oscar. Como sua motorista lhe diz, neste dia ele terá nove encontros. Cada um desses encontros, ele será outra pessoa, e cada encontro podemos tentar desvendar o que nosso diretor quer nos passar. Na verdade acho que aqui não cabe uma interpretação e sim várias. Cada espectador pode interpretar da maneira que quiser, pois na verdade ele quer nos provocar a pensar e sair daquele estado letárgico de que falei no início.
    Então embarcamos em pequenas histórias que podem significar muito, pouco ou nada para cada um. Logo no início a senhora pedinte diz que está cansada de olhar para o chão. Será que vem aí uma crítica aos cineastas que não conseguem vislumbrar algo maior em termos de cinema, acabam repetindo fórmulas e realizando um tipo de arte repetitiva. Com uma fórmula batida. Reparem como assistimos filmes que não mexem com nossos neurônios e passamos o filme apenas a olhar para uma tela grande sem esbanjarmos qualquer emoção. Logo adiante temos a parte do filme que aborda um pai buscando sua filha em uma festa. Na festa toca uma música chamada Can't Get You Out Of My Head da cantora/atriz Kylie Minogue (que inclusive está no filme) que em minha opinião pode ser uma metáfora para outra história que passa em um hotel que já fechou as portas em que a própria Kylie Minogue interpreta um amor antigo do Sr. Oscar. Voltando ao assunto em que o pai busca sua filha, temos um diálogo excelente que termina com um dos melhores castigos para quem não gosta de si mesmo, além de levantar uma excelente discussão: Às vezes a mentira é necessária para deixar as pessoas felizes? Falar a verdade pode deixar os outros muito tristes. Será? Então como deveremos viver?
    Após um intervalo que nos apresenta uma canção excelente e mais uma história, temos a conversa com o homem da marca de nascença. Temos um dos melhores diálogos do filme. Quando Oscar e ele conversam fala-se muito do poder de interpretar alguém. Ofício, em minha opinião, difícil. Aborda que o ator não está conseguindo que os espectadores acreditem mais em cada papel. Ainda se pergunta o porquê ainda Oscar continua atuando. A resposta é excelente: A beleza do gesto. Realmente quando há uma boa atuação ficamos maravilhados. Quantas vezes assistimos a filmes que praticamente o ator o salva. Mas há uma contra resposta. A beleza está nos olhos de quem a vê e se ninguém a vê? Nesse diálogo vejo duas considerações: A primeira a respeito da atuação do ator como já citei acima e a segunda referente a espectadores que não conseguem enxergar além de uma projeção sobre uma tela grande. O cérebro se desliga ao assistir a filmes. É apenas um momento para relaxar e dessa maneira, com o cérebro desligado não se consegue enxergar a beleza do gesto de atuar. Quem realmente ama o cinema, que fica embriagado com aquelas imagens, não pode ficar passivo a tudo o que está assistindo, pois o cinema é muito mais que um simples passar de tempo. Não posso deixar passar que neste filme Denis Lavant nos presenteia com ótimas interpretações.
    Acredito que o filme também tem uma natureza nostálgica resgatando alguns gêneros cinematográficos e o seu nome também pode sugerir algo. Enfim, cada um terá sua interpretação, aqui é só mais uma e é isso que faz com que esse filme seja sensacional.

    OBS: O filme também pode ser considerado uma crítica ao homem moderno, pois temos a indiferença no episódio da mendiga, a falta de diálogo com a filha, a natureza que vai de encontro ao homem no episódio de M. Merde e por aí vai.
    Taiani M.
    Taiani M.

    38 seguidores 17 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 29 de novembro de 2012
    Vi e não soube o que achar. São minutos de muita loucura, cores, vidas, movimentos... Imagens inebriantes que aparentemente levam a lugar nenhum. Mas levam. À perguntas desafiadoras e constantes (sem respostas e clichês, mas eternas). O que é cinema? O que é viver? O que é ser?
    Conceitos transbordam.
    Contexto? Espaço? Aparência? Tempo?
    Tempo demais que Carax ficou afastado das telas, mas voltou ainda melhor. E apostando alto na autorreferência.
    Meses depois de assisti-lo percebo que ainda não consigo formular uma definição aceitável para "Holy Motors". Só sei que é uma viagem.
    Não é para gostar ou não gostar. É para embarcar (e aproveitar a estadia).
    Eduardo P.
    Eduardo P.

    81 seguidores 98 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 22 de janeiro de 2015
    “Holy Motors” é um daqueles filmes que são completamente ocos em significados exatos, mas são extremamente amplos em interpretações. O primeiro longa em mais dez anos do diretor francês Carax é um filme audacioso que passeia por diversas vertentes do cinema com facilidade. Indo do drama, passando pelo horor e um pouco do erótico, e chegando até numa fase musical, o longa pode ser entendido como uma homenagem não só ao cinema, mas para a arte em geral. Porém, também, pode ser entendida como uma discursão conotativa sobre o sentido da vida, ou melhor, a falta dele. Mesmo assim, ainda é possível encontrar diversas críticas, principalmente, aos filmes hollywoodianos. Apesar de ser cheio de referências à filmes, livros e obras de arte, não se precisa entende-las para acompanhar a história mágica do filme, que guia o espectador por diversos espaços com as mais variadas personagens. Uma atuação completamente volátil de Denis Lavant, em, de longe, seu melhor trabalho, a firmeza de Edith Scob e a fragilidade de Kylie Minogue constroem uma concha de retalhos muito interessante e, mesmo que por vezes bizarra, bonita de ser ver. Brincando com os sentimentos do público, o diretor constroem uma trama fragmentada e que, para uns é cheia de furos, para outros é recheada de amplos significados. Assim como toda grande obra, o longa é um grande divisor de opiniões em quase todos os seus pontos, porém a bela direção de arte, a inquietude do diretor e, claro, as ótimas atuações configuram ao filme o tom misterioso e poético perfeito para que você se imagine e se perca nesse novo mundo.
    Nelson J
    Nelson J

    48.000 seguidores 1.697 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 6 de março de 2016
    Surreal e magnifico. Retrata a vida e nossos papéis em diferentes situações. Ótimos atores e atuações. Alguns cenários parecem absurdos, mas ajudam a compreender a vida.
    Phelipe V.
    Phelipe V.

    494 seguidores 204 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 4 de março de 2013
    Acho que o maior acerto de Carax está nesse roteiro, onde ele pode usar e abusar de absolutamente TUDO. Com uma história pitoresca, totalmente inovadora [o que não é nada comum hoje em dia] e corajosa, ele transforma Holy Motors em uma obra-prima do Cinema moderno (concebendo aqui, sua própria obra-máxima). Vejo o filme como uma grande ode ao Cinema, da maneira como Carax encontrou pra associar o seu papel ao cinema que ele faz e consome. E da-lhe metáforas, críticas, alegorias...

    Ao mesmo tempo que o filme não seria jamais o que é, se não fosse um ator completamente entregue ao personagem, e, principalmente, confiando na história que está contando. Denis Lavant atinge níveis de atuação estratosféricos aqui. Não só por interpretar um personagem, ou 11 personagens, mas sim por um interpretar um personagem que interpreta personagens. E isso poderia resultar em desastre, e que bom que o contrário acontece.

    Eu esperava um filme muito mais subjetivo do que ele é. Ele é surreal pra caramba, mas segue uma linha narrativa bastante coerente e precisa. Gostei demais diss. Ainda estou precisando processar as informações sobre o que acabei de ver, tenho minha interpretação, mas como tudo é aberto em Holy Motors, vou atrás de mais opiniões... porém, que é uma obra-prima instantânea, ah... isso é.

    PS: Morri de rir na inesperada cena final, IS IT NORMAL???
    PS2: O segundo encontro é o maior desbunde visual do filme. UAU!!!!! ver isso num cinema, viu.
    Mario A.
    Mario A.

    17 seguidores 1 crítica Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 6 de dezembro de 2012
    Fui assistir a Holy Motor, buscando escapar dos filmes comerciais e fiquei perplexo desde sua abertura até o fimal e rendido ao seu poderoso simbolismo. Como bem escreveu o Marcelo Carrard em sua critica, "o protagonista surge dos bastidores de uma tela de Cinema, onde a plateia está adormecida, letárgica. Simboliza muito claramente o Cinema atual, hollyoodiano transformado em uma espécia de industria da reciclagem, com filmes produzidos para faturar, que busca um entretimento raso e barato, descartável e em sua maioria medíocres. Raramente acrescentam algo ao espectador para reflexão. Em Holy Motor o diretor Leo Carax coloca o Sr Oscar dentro de uma limosine e em transformações de grande força simbólica e psicanalista, que vão da brutalidade ao lirismo, são o fio condutor de uma trama que bem pode simbolizar o "não sentido" da vida. Ao tentar encontrar sentido para as vivencias que o personagem vive entre uma Paris de estranha beleza, podemos muito bem terminar por encontrar o verdadeiro sentido da vida; Não ter sentido nenhum, a não ser a que nós damos a ela. A psicanálise não ensina o sentido da vida, mas ao questionar sua história e suas escolhas, permite ao sujeito encontrar um sentido para sua vida, do que possa ser as felicidades possíveis, sendo ele o autor de sua própria história.
    Mica R
    Mica R

    12 seguidores 1 crítica Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 27 de janeiro de 2013
    Eu fiquei meio confuso após terminar de ver o filme. Mas depois, vivendo o dia a dia, eu percebi o quão importante e inteligente é este filme. spoiler: Estamos interpretando vários papeis e vários personagens durante o dia. No trabalho, na família, nos diferentes círculos de amizades...
    Kleber L.
    Kleber L.

    2 seguidores 70 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 24 de maio de 2024
    Filme "meio" sem pé nem cabeça, mas prestando bem atenção e tendo uma noção básica de filosofia ginasial, o q não precisa ser nada genial, dá pra entender,! O filme é bem doido e até iconoclasta e niilista em muitos momentos mas ao mesmo tempo poético, onírico e uma ode às artes... muito bom 👍
    RenataML
    RenataML

    1 crítica Seguir usuário

    0,5
    Enviada em 3 de novembro de 2014
    Fui convidada por uma amiga que trabalha numa produtora de cinema a assistir "Holy Motors" numa sessão especial no Festival do Rio. E apenas porque essa amiga estava comigo eu não deixei a sala de cinema. Nunca foi tão torturante assistir à um filme. Detestei!
    Renata S.
    Renata S.

    7 seguidores 1 crítica Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 12 de abril de 2013
    Um em um milhão: “Holy Motors"

    O ator francês Denis Lavant dá vida ao inimaginável Oscar, um personagem na pele de muitos. O que parece um paradoxo é a descrição mais simples para o protagonista de “Holy Motors” (Imovision, 2012). O filme de Leos Carax narra um dia na vida do solitário Oscar, um homem que assume vidas paralelas e completamente distintas - chefe, assassino, mendigo, monstro e pai – a bordo de uma limunise guiada por Céline (Edith Scob). Eva Mendes, Kylie Minogue, Michel Piccoli, Leos Carax, Jean-François Balmer e Corinne Yam completam o elenco.

    Mais do que interpretar os papéis, o homem vive cada um deles em sua plenitude. As roupas, as perucas e as lentes de contatos cumprem a função de demarcar simbolicamente a criação de novas identidades. A partir dos trabalhos entregues pela motorista, Oscar encarna uma vida nova, torna-se um novo sujeito.

    Os gestos e a interpretação primorosa de Lavant permitem ao público (que resistir a quase duas horas de uma produção com fotografia escura e poucas falas) se deparar com vários sujeitos que se fazem protagonistas de uma história contínua, mas sem começo ou fim demarcado. É uma vida sem rotina; em um tempo caótico; sem lastro com o real; o simulacro em sua pura essência, como pensaria o pós-moderno Jean Baudrillard. Não é possível determinar quando e com qual frequência o protagonista dará vida a um personagem específico.

    O mais intrigante é que em certo momento da trama é revelado que outras pessoas têm a mesma profissão de Oscar: o ator das circunstâncias. É como se a Paris moderna, cidade onde a história se passa, fosse habitada por vários personagens. Onde estão as pessoas reais? Cada um guarda no seu interior várias identidades? Sim. Cada sujeito é múltiplo (pai, filho, irmão, amigo, esposo) e assume essas identidades naturalmente, não no sentido único de se mascarar, mas também no de cumprir as demandas e atender às expectativas que cada papel social exige.

    Não é possível determinar o que é real ou interpretação dentro da própria narrativa. Os vínculos e os traços que demarcam uma vida de Oscar são rapidamente abandonados e substituídos. São nove personagens em um mesmo corpo durante um único dia. Pelo que foi dito até aqui é possível perceber que “Holy Motors” não é uma produção convencional. No Brasil, segundo dados de sites especializados na sétima arte, menos de três mil ingressos foram vendidos. Mas é difícil comentar sobre a produção sem revelar os infinitos mistérios que ela apresenta: é um roteiro surreal.

    A cada cena, Leos Carax reúne elementos narrativos e estéticos novos. A produção trabalha com momentos assustadores, fascinantes, sombrios e muito belos. O filme salta da triste vida de uma senhora que pede dinheiro em locais públicos para sobreviver para uma espécie de balé virtual. É tudo muito rápido e intenso.

    Descrever as características ou a sequência de cada personagem seria um crime. Mas ao longo da produção, Oscar mata e morre várias vezes, ele exorciza seus demônios. É como se o protagonista estivesse preparado para enfrentar cada situação e vivê-la até o fim. As máscaras que o revelam ao mesmo tempo o protegem: são várias pessoas dispostas a vencer os problemas e a viver, da maneira que for possível, como pai, empresário, mendigo ou um senhor em seu leito de morte. Confuso, né? Mas esta é a sensação transmitida por “Holy Motors”, não saber ao certo onde tudo começa ou termina...

    As identidades na contemporaneidade são múltiplas, fluidas e estão em constante mudança. A vida contemporânea é caracterizada por uma quantidade cada vez maior de apelos e estímulos sensoriais. O excesso seduz, assusta, desestabiliza. Diferentemente do Iluminismo, quando a identidade era tomada como algo fixo e imutável, na atualidade os papéis sociais não são claros e passam por um processo de constante redefinição. A construção das identidades é um processo simbólico e social norteado pelas representações. Em resumo, “Holy Motors” trabalha com a beleza e a dificuldade do ser. Cada um sabe quais máscaras carrega ao levantar da cama. O filme, além de incrível, é muito real.
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