Adaptação literária de Veronica Roth, o ‘novo Jogos Vorazes’, traça o mesmo caminho de sua companheira.
Não é gratuita, a comparação entre Jogos Vorazes e Divergente existe. O que não é o fim do mundo, já que os produtores também acham isso. Com o sucesso da trilogia escrita por Suzanne Collins, não seria uma surpresa absurda a confirmação da trilogia de Divergente (Divergent) no cinema. Comparação que vai muito além de uma história e personagens, sendo elevada uma crítica subliminar a sociedade que, a cada vez mais, está divida no que acha correto.
A promissora Shailene Woodley dá vida a Beatrice "Tris" Prior, que explica muito bem que, quando os jovens completam 16 anos idade, são obrigados a escolherem entre 5 facções existentes, criadas principalmente para erradicar quaisquer desordem do mundo, após algumas catástrofes da guerra. Os que culpavam a agressividade formaram a Amizade, são eles sempre bondosos e sorridentes. Os que culpavam a ignorância se tornaram a Erudição, os inteligentes, que buscam o conhecimento acima de tudo. Os que culpavam a duplicidade fundaram a Franqueza, verdadeiros e sinceros. Os que culpavam o egoísmo geraram a Abnegação, não se preocupam com a beleza e são sempre altruístas. E os que culpavam a covardia se juntaram à Audácia, a polícia, encarregados de proteger toda a sociedade. Apesar de que, como no livro, algumas facções ficam “escondidas” no contexto geral da história e não possuem, nesse primeiro momento, muita importância.
O conto distópico de Divergente, em uma Chicago Futurista, reflete muito na mesma distopia de Katniss Everdeen e seus distritos, em Panem. Tris, trás a mesma mensagem de Katniss, o poder e a dominância feminina, ao tomar as rédeas e assumir as responsabilidades. Porém, quando comprada a sua colega, Tris, possui um desenvolvimento muito mais graduado. Sua história de ser divergente, apesar de muito complicada, a qual o filme não oferece muitas explicações, possui um contexto muito simples para trazer o espectador a pensar sobre o problema de possuir mais que uma facção: Tris, mesmo sabendo ser uma divergente, não sabe a real importância de ser diferente.
Comparado a tudo isso, Divergente, não abusa do romantismo visto em todas as adaptações juvenis. Apesar de existir, sua relação com Four (Theo James), é muito mais “profissional” do que simplesmente um afeto criado para distribuir corações aos espectadores. Focando apenas nas cenas de ação, em lutas muito bem trabalhadas e na própria trama de Tris e o percurso que a mesma deverá seguir.
Infelizmente, Divergente é apenas um filme, no máximo, legal. Tudo que é proposto no filme, como a dominância de Kate Winslet – uma das melhores coisas de todo o filme – na pele de Jeanine Matthews, ao governo, é muito superficial. Neil Burger, o diretor do filme, apresenta uma ficção apenas para ser comercializada lucrativamente, uma produção que não ousa em vários aspectos: Como explicar o porquê não existiu contradições ao dividirem as facções, ou até mesmo o real sentindo para Jeanine, atacar primeiramente a facção, teoricamente, mais fraca. Jogando tudo isso para o já confirmado segundo filme.
Com todos os problemas do filme, entre elas, atuações fracas e inexpressivas e um roteiro apenas quadrado para apresentar o filme ao público, Divergente diverte os fãs, adaptando ao máximo possível a história muito mais complexa do livro, para a tela grande.