Sempre tive um pé atrás com adaptações de livros para a telas de cinema, mas convenhamos, tenho razão. Temos vários fracassos que nós deixam com o coração nas mãos, entre eles: Percy Jackson, Dezesseis Luas, Cidade dos Ossos e por aí vai… E devo dizer que Divergente não é uma boa adaptação, mas pelo menos segue a maior parte do livro, fazendo com que eu gostasse bastante do filme.
Uma coisa que gostei muito, na questão técnica, foi dos efeitos especiais e da sonoplastia. Foi tudo bem encaixado e não teve gafes na produção estilo Once Upon A Time. Uma coisa que costumo reparar bastante é a questão da fotografia do filme, e a de Divergente é muito boa. Algumas cenas usam a “câmera em movimento”, como em Jogos Vorazes, mas tudo tem seu contexto, é para dar sensação de ação e inquietude. O elenco, nem preciso comentar, meu chapéu está no chão para todos eles, menos para Milles Teller que não conseguiu ser o Peter que eu tinha imaginado, e sim, um simples cara que pratica Bullying. Mesmo com um texto/subtexto rico para o personagem, não consegui captar a essência do Peter.
E como em toda adaptação, há falhas no roteiro em relação ao livro. Pensando nisso, separei 10 diferenças entre o livro e o filme, que pode conter spoiler de Insurgente e Convergente.
1- Edward e Myra não aparecem, de fato.
Edward e Myra são um casal de namorados que transferiram-se da sede da Erudição para a Audácia. Edward é sempre descrito como alguém forte e alto, sempre no topo da lista de classificação, em contraste com sua namorada, Myra, que sempre está nos últimos colocados.
No filme, Edward não passa de um rosto e de um nome chamado por Eric na hora da Caça a Bandeira. E o final de Edward não é deixado claro, assim como o de Myra que nem aparece ou é citada, talvez tenha aparecido seu nome do placar.
Já em contraste com o livro, Edward está sempre nas primeiras posições, gerando inveja em Peter, que fica sempre com o segundo lugar. Levado pela ambição e cegado pela inveja, Peter cega Edward com uma faca de manteiga, sendo ajudado por Drew. (Outro que fica nas sombras) Edward e Myra resolvem desistir da iniciação depois do incidente e viver como sem-facção.
Myra só é citada nos outros livros, não aparece. Mas Edward junta-se ao comando dos sem-facção com Evelyn Johnson e torna-se violento e agressivo, quase mata Drew e Molly que também viram sem-facção, e ajuda no ataque à Erudição.
2- Não falam sobre a Paisagem do Medo.
Não sei por que tiraram a Paisagem do Medo e deixaram tudo como simulações. No livro há simulações e a Paisagem do Medo, uma os alunos não sabem que estão dentro de uma alucinação, portanto demoram a processar suas ações -Exceto os Divergentes que conseguem manipular a simulação; E a Paisagem do Medo, onde todos sabem que trata-se de uma alucinação de seus piores medos.
A prova final dos “iniciandos” é passar por sua paisagem do medo, com a supervisão dos Líderes da Audácia, mas no filme tratam do assunto como uma simulação, onde até Jeanine Matthews está presente para supervisionar.
3- Christina não pega a bandeira; Tris pega.
Na Caça a Bandeira há algumas diferenças com o do livro. A primeira são as armas, no livro são armas de paintball, já no filme são armas que simulam a dor de um tiro. Outro erro, mas que eu particularmente gostei, é o tiro que Christina e Tris dão em Peter, determinando a aversão que as duas sentem pelo garoto.
Mas um erro que não gostei foi o de Tris pegar a bandeira e não, Christina. No livro a ação de Christina forma todo um julgamento na cabeça de Tris que fica com um pé atrás na amizade com a garota, mas que vence barreiras de outras maneiras. Mas no filme elas viram BFF’s no primeiro momento que se encontram.
4-Tris perde sua última luta.
As primeiras lutas de Tris são marcadas por derrotas, em sua primeira luta ela já acaba com Peter como oponente e é derrotada. Em sua última luta, pega Molly como oponente e consegue com os conselhos de Quatro, atingir os pontos fracos da menina e vencer a luta, subindo na classificação e garantindo-se na segunda fase da iniciação.
No filme colocam Tris e Molly para lutar na primeira luta, Tris obviamente perde por ser sua primeira luta e não ter um físico bom, (Gostei das cenas que mostram ela desenvolvendo suas habilidades e progredindo)e colocam Peter na última luta, derrotando-a. Chegam até a afirmam que Tris estava cortada da segunda fase, sendo salva, no filme, pela Caça a Bandeira.
5- O modo como descobrem sobre o Soro da Simulação.
Isso foi um erro gritante. Não tem nem como não perceber ou deixar baixo.
No livro, Tris encontra Jeanine e Eric conversando no meio da noite e especula uma conspiração, mas nada concreto. Ao poucos vai juntando as peças e descobre que a Erudição pode ser capaz de fazer um soro de comando a longa distância, mas precisa de uma exército, ou seja, da Audácia.
No filme, o soro é introduzido no final, e quem descobre tudo é Quatro que explica tudo sobre ele numa única cena.
6-Dia da Visita.
Quem somente viu o filme deve estar perguntando o que é isso, simples, no livro é um dia onde os pais podem ir visitar os filhos transferidos e ver como estão se adaptando a nova facção. Mas eles não deveriam demonstrar saudade, pois facção antes do sangue é um lema forte.
No livro, a mãe de Tris visita-a na sede da Audácia e traz um recado para Caleb, irmão de Tris, pedindo que ele estude sobre o Soro da Simulação “desenvolvido” pela Erudição. Pede também que ela esconda-se o máximo que conseguir durante a segunda etapa da iniciação, não tente aparecer, pois poderiam descobrir que ela é uma Divergente.
No filme, a cena passasse na cidade, logo após os “iniciandos” completarem a primeira etapa. Se fosse só isso, tudo bem, mas a mãe de Tris não cita o Soro da Simulação que é um dos objetivos principais da conversa no livro.
7-Desativando o Soro da Simulação.
No livro, Tobias é levado para a sede da Audácia e controla de lá todo o sistema de controle do Soro da Simulação, sob efeito de um soro mais poderoso. Na sala de controle só encontram-se ele, os computadores e Tris. A luta é travada entre os dois e Tris quase morre, mas consegue trazer Tobias de volta quando escolhe tirar sua vida ao invés da de Quatro. Os dois juntos, desativam o sistema e pegam o disco que contém o programa do Soro da Simulação.
No filme, a sala está cheia de pessoas, incluíndo Jeanine, que tem uma pequena participação na luta e ganha até uma facada na mão. O modo como Tris traz Quatro de volta é o mesmo, mas o jeito que desativam o programa muda.
8- Jeanine Matthews aparece mais que o normal.
Sobre Jeanine Matthews e suas diversas aparições, desnecessário. Há todo um mistério onde Tris encontra Jeanine falando com Eric no meio da noite, os encontros delas que só faltam pular faíscas do livro de tamanha intensidade. No filme ela vive na sede da Audácia como se fosse de casa.
9-O modo como tentam matar Tris.
No livro, Tris é colocada dentro de uma caixa de vidro que começa a encher de água, ideia de Eric, após ver os medos de Tris. Tentam matá-la afogada, mas sua mãe chega e a salva.
No filme, após ser dispensada por Jeanine, tentam matar Tris com tiros e não enfrentando seu medo na caixa de vidro. Como no livro, a mãe de Tris aparece e a salva.
10 – Não há namoro entre Christina e Will.
No livro, Christina e Will iniciam um relacionamento, mas que é impedido pela morte de Will, causada por Tris. A morte de Will é um novo fardo pra Tris na continuação Insurgente, e quando Christina descobre quem realmente matou Will, não há retorno para ela a não ser encarar as consequências.
No filme, Christina e Will são apenas amigos, então a morte de Will não irá afetá-la tanto como no livro, onde o relacionamento foi formado de maneira mais amorosa, e a perda é levada para o lado pessoal.
Alguns erros são para o bem da continuidade do filme, outros custarão algumas explicações na próxima franquia. Mas no geral, o filme segue uma boa linha na história e tem grandes chances de fazer sucesso aqui no Brasil.A bilheteria nos Estados Unidos foi tão rentável que os dois últimos livros já estão em fase de roteirização, sendo que o último livro, Convergente, será dividido em duas partes, como Harry Potter, A Esperança e outros sucessos.
As datas provisórias para os próximos filmes são: Insurgente, em março de 2015, Convergente – Parte 1, em março de 2016 , e Convergente – Parte 2 em março de 2017.
Preparem-se para mais uma saga eletrizante, pois depois de esperar a perfeição nas adaptações, aprendi a me contentar com o pouco.
Matheus Vieira