O que você faria se tivesse que escolher entre ficar com sua família ou mudar-se para o lugar a que você realmente pertence? Este é o primeiro grande questionamento de Beatrice, protagonista de Divergente, que estreou em todo o Brasil no dia 17 de abril.
A história se passa numa Chicago futurista dividida em cinco facções, que abrigam as pessoas de acordo com sua personalidade: Abnegação (os altruístas), Amizade (os pacíficos), Audácia (os corajosos), Erudição (os inteligentes) e Franqueza (os honestos). Aos 16 anos de idade, os jovens podem escolher a qual facção pertencer, mesmo que isso signifique deixar o lar em que cresceram.
O problema é que Beatrice descobre que não se encaixa em apenas uma facção, o que eles chamam de Divergente, e é orientada a não revelar esse segredo a ninguém, cujo motivo, de princípio, ela desconhece.
Ela então decide transferir-se da Abnegação, lugar em que sempre se sentiu deslocada, para a Audácia, a facção responsável pela segurança e policiamento da cidade. Ao decorrer da iniciação da Audácia, Tris – nome que Beatrice escolhe usar em sua nova facção – entende que ser Divergente significa ter habilidades que as outras pessoas não possuem, o que é visto como ameaça pelo governo regente. Os Divergentes não se encaixam em uma única categoria, não podem ser controlados, portanto devem ser destruídos.
Esta é uma brilhante metáfora criada pela autora da trilogia, Veronica Roth, sobre a pressão que todos vivemos para termos que nos encaixar em algum grupo na sociedade e como somos perseguidos quando não o fazemos.
O filme manteve-se muito fiel ao livro, com alguns cortes e mudanças que não prejudicam a essência da história, e foi uma adaptação que funcionou muito bem nas telonas. Uma boa surpresa foi ver pessoas que não leram o livro elogiando o longa. Mérito do roteiro bem detalhado de Evan Daugherty (Branca de Neve e o Caçador) e, ao mesmo tempo, um ritmo rápido, ação e tensão que fazem duas horas e vinte minutos passarem voando.
O grande destaque do filme é, sem dúvida, Shailene Woodley, a nova queridinha do cinema americano que vive a protagonista Tris. Ela é tão natural em sua atuação que convence que está genuinamente deslocada, triste, feliz ou irritada com uma simples troca de olhares, seja com seu par romântico, Quatro, vivido por Theo James, ou a vilã do filme, Jeanine Matthews, vivida pela ganhadora do Oscar, Kate Winslet.
Resta saber se os próximos filmes baseados na trilogia, Insurgente e Convergente – este último já confirmado a ter duas partes, seguindo a moda de Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes – também agradarão tanto fãs quanto espectadores não-leitores. Se utilizarem a mesma boa fórmula do primeiro, estarão no caminho certo.