Adaptar livros infanto-juvenil já está virando costume em Hollywood. Depois do sucesso da saga "Harry Potter", o cinema norte americano percebeu que os jovens querem e assim começaram adaptar livros de grande sucesso. O mais recente são os dois filmes da série "Jogos Vorazes" que estão fazendo um enorme sucesso. E com esse "Divergente" não foi diferente. A trilogia escrita por Veronica Roth começou sua adaptação nesse e já provou ser um grande sucesso, arrasando nas bilheterias americanas e mundiais, possibilitando sua continuação em mais três filmes ( o terceiro livro foi dividido em duas partes).
O filme mostra um mundo pós-apocalíptico, que foi dividido em cinco facções (Audácia, Franqueza, Abnegação, Erudição e Amizade) e cabe aos jovens escolheram a partir de uma determinada idade, qual dessas facções eles querem viver, realizando alguns testes psicológicos para ajudar em suas decisões. Mas existem os chamados "divergentes", que são aqueles que não tem facção definida, pois tem habilidade de se encaixar em todas elas, por isso são considerados uma ameaça, já que podem ir contra o sistema.
A história gira em torna de Beatrice, interpretada pela talentosa Shailene Woodley, que nasceu na Abnegação, mas sempre achou que não se encaixava naquele lugar. Até que chegou o dia de ser selecionada para escolher em qual facção viverá, mas seu teste não tem resultado, pois ela descobre que é uma divergente e assim teve que esconder sobre isso para não ser caçada e acaba se juntando a facção da Audácia. Lá ela passa a ser treinada por Quatro (Theo James) e por consequência acabam se apaixonando.
Apesar de ser comparado a série "Jogos Vorazes", "Divergente" é mais light, evitando mostrar assassinatos e sangue. O diretor Neil Burguer ( "Sem Limites") fez bem ao tentar evitar comparações com "Jogos Vorazes", entretanto é quase impossível não comparar as duas sagas, afinal ambas são dividas em facções ou distritos e o tema político é bem abordado em ambos.
A protagonista é bem diferente da Katniss, Beatrice é mais ingenua e aceita o sistema, mas tudo isso muda quando ela realmente descobre os segredos por trás do sistema. E são essas mudanças de personalidade que atriz Shailene Woodley se saí muito bem. Ela já havia provado o seu talento no drama "Os Descendentes" e mais uma vez não decepcionou, mostrando ser uma das melhores atrizes de sua geração. Já seu par romântico Quatro, é interpretado pelo ainda mediano Theo James ( "Anjos da Noite: O Despertar"), o ator até se saí bem em algumas cenas, conseguindo até convencer, mesmo sendo um pouco inexpressivo. Os coadjuvantes também se sai bem. Ashley Judd e Tony Goldwyn fazem os pais de Beatrice, sendo que a Judd tem mais tempo em cena que Goldwyn e mesmo com suas pequenas participações os atores se saí bem.
Miles Teller e Zoe Kravitz também conseguem transmitir os sentimentos de seus personagens, mesmo que seus personagens não sejam tão desenvolvidos. Sendo esse o grande problema do roteiro, pois ele só foca nos dois protagonistas, deixando o restante dos personagens sem fundamento.
Kate Winslet faz sua primeira vilã e o que poderia ter sido o ponto alto do filme, foi um dos mais fracos, pois por mais que atriz tente não consegue chegar no ponto exato de sua personagem. Não é por falta de talento, pois a atriz tem isso de sobra, mas a culpa foi do roteiro e do diretor que não souberam conduzir sua personagem.
O filme até possuí umas cenas de ação muito bem feitas, junto com uma ótima fotografia. O que faltou foi desenvolver melhor as facções, já que elas são simplesmente mencionadas no início, não sendo desenvolvidas no decorrer do longa. Os personagens também não são bem explicados, deixando um pouco vago suas motivações.
Mas como produto inicial, o longa se saí muito bem. Agora é torcer para que eles acertem nos erros que ocorreram nesse primeiro, podendo assim se tornar uma das melhores franquias da atualidade.