O que mais decepciona em DIVERGENTE (DIVERGENT), é que o filme desperdiça uma boa e original premissa, baseada no best-seller da escritora Veronica Roth (o qual eu não li, graças a Deus). A história, ao contrário de seus “semelhantes” CREPÚSCULO, DEZESSEIS LUAS e INSTRUMENTOS MORTAIS, pelo menos traz algo de diferente, mas no fim acaba descambando para a sua mesma história genérica de sempre, onde mocinha e mocinho precisam superar as barreiras de sua sociedade para assim poderem viver seu amor proibido. Estaria eu enxergando uma nova conspiração aqui, ou estou só sendo paranóico? Não sei, só sei que os quatro filmes citados são distribuidos pela Summit e pela Paris Filmes. Curioso, não?
Mas enquanto as adolescentes do mundo todo continuam caindo nessas máquinas de sugar cérebro e dinheiro, eu não caio. DIVERGENTE, assim como seus pares citados, é ruim de doer.
O filme mostra Tris (Shailene Woodley), uma jovem que para se tornar adulta, precisa participar de uma série de testes e um ritual onde ela será designada à viver em uma das cinco facções nas quais uma Terra do futuro pós-guerra foi dividida. Estas cinco facções são baseadas em virtudes do ser-humano: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza, com o objetivo de equilibrar a sociedade e dividi-la entre grupos onde não existem conflitos, apenas o equilíbrio e a paz.
Mas quando o resultado de Tris mostra o resultado “divergente”, o que é visto como uma ameaça pela sociedade e pelo governo regente, ela precisará esconder seu resultado de todos, até de sua família, para conseguir sobreviver. E ao mesmo tempo, acaba descobrindo perigosos segredos sobre a sua “sociedade perfeita”.
Dirigido por Neil Burger (desperdiçando seu talento mostrado em filmes como SEM LIMITES e O ILUSIONISTA), o filme traz um roteiro burocrático de Evan Daugherty (BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR) e Vanessa Taylor (UM DIVÃ PARA DOIS), onde os clichés se amontoam em uma pilha insuportável, pontuados por aquela trilha-sonora moderninha e ordinária que os adolescentes tanto adoram.
No bom elenco (também desperdiçado, é claro), Shailene Woodley se sai muito bem, segurando o filme na base do carisma, já que ela não é uma atriz exatamente bonita. Quem se sai melhor no entanto é Jay Courtney (DURO DE MATAR: UM BOM DIA PARA MORRER), a melhor coisa do filme. No papel de um sádico instrutor da facção para a qual a protagonista se junta, o jovem ator vinha roubando todas as cenas do filme, até que na covardia habitual dos realizadores de histórias deste tipo, seu personagem é limado do filme para dar lugar ao mocinho cara de tonto da trama, o fraquíssimo Theo James, de ANJOS DA NOITE: O DESPERTAR. Quem eu infelizmente não sei o que veio fazer aqui é a renomada Kate Winslet, que deveria estar precisando desesperadamente de um cheque para aceitar atuar nesta goiabeira.
DIVERGENTE é claro, vai fazer milhões em bilheteria ao redor do mundo, e é claro, haverão sequências, já programadas para 2015 e 2016. Por que assim rápido? Porque fazer filminhos desta laia é fácil. Fazer cinema de verdade, isso sim é bem difícil.