Divergente, de Neil Burger, é baseado na série de livros futuristas homônima, de Veronica Roth. A história se passa em Chicago (EUA), uma cidade sitiada, que é a única sobrevivente de uma guerra. A cidade foi dividida em cinco “facções”, cada uma com suas peculiaridades: Abnegação, Erudição, Franqueza, Amizade e Audácia. O cidadão nasce em uma facção e aos dezesseis anos, escolhe, perante toda a cidade, em qual facção viverá para o resto da vida, e se a facção escolhida não for a de nascença, nunca poderá ver mais sua família. Antes do indivíduo escolher sua facção é feito um teste para ver qual é a ideal para ele, e é aí que o diferencial de Tris é mostrado. Enquanto a esmagadora maioria recebe o resultado como sendo apenas de uma facção, o da protagonista resulta em três, tornando-a divergente. A trama desenrola-se do ponto de vista de Tris (Shailene Woodley), filha de um dos líderes da Abnegação, mas nunca se sentiu realmente pertencente a sua facção, almejando, desde pequena, pertencer a Audácia.
O filme possui um argumento interessante e uma bela fotografia (principalmente na dualidade que se forma entre as diferentes cores das facções), e lembra muito a sequência “Jogos vorazes”, mas não atinge o potencial do mesmo. O desenvolvimento da película mostra a vida da personagem de Woodley na Audácia, e as provas que ela tem que enfrentar como novata, para permanecer na facção escolhida e não se tornar uma sem-facção. Essas cenas são importantes, mas o filme apela demais para a incerteza de Tris conseguir ou não permanecer na Audácia. Esse “suspense” é muito mal utilizado, não trazendo quase nenhuma tensão ao espectador.
Mas nenhum aspecto ruim do filme supera o romance entre Tris e Quatro (Theo James), não se vê paixão alguma, não há sintonia entre o casal, inexpressividade total por parte do ”galã”, e as cenas de amor parecem terem sido feitas para preencher buracos no roteiro. Enfim, esse primeiro filme da sequência decepcionou, mas ainda podemos contar com um desempenho melhor, ou não, do próximo, que será lançado apenas em 2015.