Para começar, devo deixar claro que não li a obra de Veronica Roth que baseou a série de filmes, e também demorei para assistir ao filme por não ter me chamado muita atenção a partir da divulgação.
Antes mesmo de sua estréia nas telonas, Divergente já veio carregado de uma inevitável comparação com outra saga distopia, o bem-sucedido Jogos Vorazes. Ambas histórias contam a trajetória de suas respectivas heroínas em um mundo pós-guerra que foi dividido em facções (Ou em distritos, como nos Jogos Vorazes). Mas as semelhanças terminam aí, em Jogos Vorazes conseguimos ver a batalha por sobrevivência e o sofrimento dos distritos que não são os "favoritos da capital", e conseguimos ver toda a crueldade das elites ao colocarem jovens para matarem uns aos outros em um reality-show, e sua heroína é um mulher forte que luta para poder alimentar sua família. Já em Divergente, tudo soa mais ingênuo, as facções são divididas pelas virtudes das pessoas, e tudo conta com soros e seringas que estimulam o medo da pessoa injetada (com direito a ver tudo o que se passa na cabeça da pessoa em uma tela de computador!) e outros que controlam a mente. Um dos principais pontos positivos de Jogos Vorazes é sua proximidade com a realidade, que é mérito não só da história como da divulgação que faz sites da capital e libera vídeos com o treinamentos dos tributos, já Divergente peca em termos de "realismo". Sua história inteira é fraca, baseando-se na heroína (Beatrice Prior) querendo se auto-descobrir, e mostrar como não se encaixa em nenhuma das cinco facções.
Apesar disso, Divergente tem seus méritos: Conta com um ritmo muito bom, que faz com que as suas 2 horas e 19 minutos passem sem que fiquemos cansados com o decorrer da história (O que Jogos Vorazes não conseguiu fazer em seu primeiro filme). Tem efeitos especiais excelentes (A cena em que Tris desce do prédio presa em uma corda é de tirar o fôlego!). E a sua vilã, Jeanine, é tão ditadora e insana quanto o (excelente) Presidente Snow, dos Jogos Vorazes.
Quanto as atuações, a promissora Shailene Woodley fez o que pode com a mediana protagonista Beatrice, a veterana Kate Winslet merece mérito por seu desempenho. Destaque também para Jai Courtney e seu durão chefe de facção.
No fim, temos uma distopia mediana que, pelo menos em seu primeiro filme, não nos apresenta nenhuma crítica consistente à sociedade atual. Assim como no primeiro Jogos Vorazes, não nos deixa realmente animados para ver uma continuação, mas quem saber essa continuação não nos surpreenda como "Em Chamas" fez? Darei uma chance para Insurgente.