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    O Assassino: O Primeiro Alvo
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    O Assassino: O Primeiro Alvo

    Licença para matar

    por Taiani Mendes

    “Ei você, homem cheio de ódio, sede de vingança e desejo de justiça com as próprias mãos! Não precisa suprimir sua vontade de matar. Há utilidade para ela na CIA. Junte-se ao time daqueles que eliminam quem deve ser eliminado, impeça pessoas más de fazerem coisas más. Assassine para o bem. Salve vidas estadunidenses!”. Panfleto para aliciar jovens norte-americanos violentos e inconformados para a agência de inteligência mais famosa do mundo, O Assassino: O Primeiro Alvo tem direção de Michael Cuesta e acompanha Mitch Rapp (Dylan O’Brien), universitário que perde a noiva num atentado e passa a dedicar sua vida à vingança, infiltrando-se na célula terrorista para destruir o líder do grupo. Vigiado de perto pela CIA e avaliado como habilidoso – e perigoso se fora de controle –, ele acaba cooptado pela organização e é enviado para o centro de treinamento do veterano Stan Hurley (Michael Keaton), que prepara assassinos para missões discretas em defesa dos Estados Unidos e seus interesses. Não preciso dizer que Stan recebe de má vontade o rapaz, do clássico tipo “muito talentoso e igualmente insubordinado”, mas acaba executando o papel de mentor.

    Conhecido do público adolescente por Maze Runner e Teen Wolf, O’Brien, vivendo seu primeiro protagonista adulto, começa encantador como homem apaixonado, é transformado brevemente numa espécie de versão garoto da obcecada Carrie Mathison (Claire Danes) de Homeland - que Cuesta escreveu, dirigiu e produziu nas temporadas iniciais - e na maior parte do tempo parece estar interpretando qualquer personagem de ação de Tom Cruise em versão menos intensa. Há corrida evocativa para os fãs do Thomas da franquia de Wes Ball

    Indeciso entre o realismo e a fantasia, O Assassino: O Primeiro Alvo se apoia no embate mano a mano e tem algumas das mais críveis cenas com tiros e ferimentos de bala, ao mesmo tempo em que abandona qualquer plausibilidade no que se refere ao explosivo nuclear. Inspirada no Atentado de Sousse ocorrido em 2015, a tragédia inicial é bem filmada e impactante, com Cuesta indicando desde então que não fugirá da violência explícita – o ápice dessa opção envolve unhas e é extremamente aflitivo.

    O começo via selfie de celular e a predileção por planos dos personagens principais falando para a câmera explicitam o desejo de comunicação tão direta quanto o cinema possibilita com o espectador, e sendo assim não causa espanto a ausência de profundidade dos personagens, ali puramente a serviço da mensagem. Não é uma obra de apresentação de Mitch Rapp, mas uma introdução ao serviço sujo/limpo de assassinar inimigos da América. Equivalente a Sniper Americano no patriotismo, O Assassino doutrina a esquecer questões individuais e pensar sempre na nação usando um vilão (Taylor Kitsch) extremamente bobo e ridículo, tamanha é a infantilidade que o motiva. O verdadeiro aprendizado? No fim das contas tudo é pessoal mesmo.

    Originalidade não há no filme do bom diretor Michael Cuesta, apenas pequenas mudanças (mulher negra na posição de comando da CIA, romance não concretizado do casal de agentes traumatizados, iranianos aliados) que buscam escapar ao desgastado modelo do gênero, porém já foram feitas em outras produções. Até os inimigos são os mesmos de dezenas de longas e a ameaça não poderia ser mais batida do que a bomba nuclear. Quatro roteiristas e nenhum traço de personalidade na primeira adaptação da extensa série de livros de Vince Flynn sobre Rapp. Seria preciso bem mais do que um galãzinho na mesma trama "intriga internacional" de sempre para deslanchar uma franquia.

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