Uma das artes mais ricas do cinema é sem dúvida o stop-motion, uma técnica de animação que captura quadro a quadro do elemento que esta sendo “filmado”. O que mais impressiona no stop-motion é que nele utilizam-se de modelos reais em diversos materiais, os mais comuns são a massa de modelar. Muitos destes materiais contêm sistema de juntas mecânico, com mecanismos de articulações muito complexos. No cinema, o material utilizado tem de ser mais resistente e maleável, visto que os modelos precisam durar meses, pois para cada segundo de filme são necessárias aproximadamente 24 quadros (frames).
Só por isso, o filme que que chega ao mercado com a utilização do stop-motion como técnica já tem que receber o máximo de respeito dos profissionais que nele trabalharam. Neste caso, vamos falar de “ParaNorman”, um filme de 2012 que é sem dúvida uma obra de arte!
O filme foi dirigido pelos americanos Sam Fell e Chris Butler, ambos já tiveram histórias com o stop-motion algum tipo de história com o stop-motion. O longa conta a história de Norman Babcock, um garoto tímido que sofre por ninguém acreditar que ele consegue falar, ver e ouvir os mortos. Ele e seu amigo Neil acabam se envolvendo em uma aventura que envolve uma bruxa de vários séculos atrás, quando o Tio de Norman aparece para pedir que ele o ajude a acabar com a maldição que paira na cidade. Afim de se livrar de um Tio esquisito, Norman aceita o convite, e agora terá de enfreitar forças que nem ele sabia que existiam.
“ParaNorman” esta longe de ser um filme para crianças, é sim um filme infantilizado, pois quer conversar com o público mais novo, porém, o filme retrata a morte de uma maneira muito corriqueira, e talvez isso seja um potencial para afastar o público infantil. Para se ter uma ideia, existem cenas no filme em que Norman se deparada com cadáveres, e mesmo a cena onde ele encontra a bruxa, é bastante pesada.
De qualquer forma, é um filme que leva a beleza do stop-motion ao seu nível máximo. Começando pelos personagens principais, que tem um acabamento fantástico, assim como os fantásmas que Norman vai encontrando pelo caminho. Sem dúvida a captação e montagem foram um desafio para o Diretor de Arte. A cena em que Norman se encaminha para a escola e sai desviando e comprimentando todos os fantasmas que encontra é realmente muito bem feita.
ParaNorman foi feito seguindo a técnica do stop-motion, onde os bonecos são fotografados em sequência, com cada um deles tendo pequenas diferenças em relação ao outro para que o espectador tenha a sensação de movimento.
Para se ter ideia do tamanho do desafio que um filme de stop-motion se propões, só o personagem de Norma; precisou ter mais de 28 bonecos de corpo inteiro e cerca de 8.800 rostos diferentes. Essa combinação de rostos, dava a possibilidade de criar até 1,5 milhões de expressões faciais do personagem! Um requinte e preciosismo que é nítido no filme!
“ParaNorman” possui uma cena em que desesperado para fugir do fantásma do Tio, Norman tenta se enconder no banheiro e o seu Tio aparece no vaso sanitário. Trata-se de uma cena curta, com o Tio voando, e Norman discutindo com ele. Em Live Action, uma cena destas levaria no máximo um dia para ser filmada. Porém aqui, a sequência do banheiro, levou um ano inteiro para ser filmada.
O filme tem um roteiro um pouco clichê, o que acaba atrapalhando um pouco, porém sem dúvida, não é um fator que derruba o filme, mas sim apenas uma fraqueza. “ParaNorman” ParaNormanse propõe a colocar algumas reviravoltas, e elas são bem resolvidas, não é algo fora de série, mas é bem encaixado.
Cenas como, a rejeição dos pais em acreditar nas “habilidades” do filho. O preconceito da morte e toda a rejeição que ela envolve, são temas que o filme aborda com sutileza, mas de forma muito madura. Alias, “maduro” seria um ótimo adjetivo para o filme, pois é sem dúvida é uma obra de arte, e tem uma fotografia muito bem acabada, mas acima disso é um filme que como falei não é para criança, e quando digo isso, é para tirar da sua mente que é um filme levizinho, com vários momentos alegres e borboletas. O filme é maduro. Tem mensagem para ser passada e uma história cheia de “lições”. Recomendo sim que as crianças vejam com seus pais, e que curiosidades como os 8.800 rostos sejam levadas para elas, pois “ParaNorman” é um filme que ultrapassa a barreira de uma tela.