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    Fogo Contra Fogo
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Fogo Contra Fogo

    Nas entrelinhas

    por Francisco Russo

    A princípio as credenciais de Fogo Contra Fogo não são animadoras, já que foi lançado diretamente em home video no mercado americano. A estreia no circuito brasileiro muito tem a ver com a presença de Bruce Willis, que curiosamente é mero coadjuvante nesta história onde o papel de protagonista cabe a Josh Duhamel, da série Transformers e do divertido Juntos pelo Acaso. Willis, é bom avisar aos fãs, sequer tem uma cena de ação para chamar de sua, ficando mais restrito aos bastidores da trama. Ainda assim, em meio a muito estilo e altas doses de violência, Fogo Contra Fogo conta com algumas propostas bem interessantes envolvendo seu personagem principal.

    A história gira em torno de Jeremy Coleman (Duhamel), um bombeiro boa praça que considera seus amigos como uma família. Um dia, ao ir em uma loja, presencia o assassinato do dono do local e de seu filho. O culpado é Neil Hagan (Vincent D'Onofrio, em bela caracterização), um sociopata que há tempos está na mira do detetive Mike Cella (Willis), por ter matado seu antigo parceiro e a esposa. Única testemunha do crime, Jeremy logo é colocado no programa de proteção e deixa sua vida para trás. Agora vivendo em Nova Orleans, ele aguarda a data do julgamento e acaba se envolvendo com a policial Talia Durham (Rosario Dawson), que tem a missão de protegê-lo.

    Diante de uma situação como esta, é claro que o vilão logo dá um jeito de encontrar o mocinho da história para tornar sua vida um inferno. Até este momento, Fogo Contra Fogo nada mais é do que um filme de ação banal, que abusa dos clichês e estereótipos para apresentar seus personagens. Um exemplo: a tatuagem com uma suástica no peito do vilão Neil Hagan é completamente desnecessária, visto o olhar doentio de seu intérprete, Vincent D'Onofrio, que não deixa dúvida alguma do quão insano ele é. Exageros deste tipo existem aos montes, para que o espectador não tenha dúvidas sobre quem integra a turma do bem e quem é do mal. Entretanto, a virada do filme levanta alguns questionamentos bastante interessantes. Em especial a inversão da proteção, com Jeremy abandonando a polícia para agir como uma espécie de perseguidor fantasma, sem deixar rastros, já que seus dados foram apagados dos cadastros policiais. Quem precisa ser protegido, agora, é Hagan.

    Há ainda outro ponto interessante levantado pelo filme: o herói forçado a fazer algo que não gosta – e nem está preparado – em nome de um "bem maior". Mais ainda, o quanto agir desta forma modifica sua própria personalidade, dali em diante. É claro que, por sua proposta original, Fogo Contra Fogo não se aprofunda em algum destes temas de forma a privilegiar justamente as cenas de ação. Entretanto, há algo mais nas entrelinhas da saga vivida por Jeremy, que faz pensar. Se caísse em mãos mais talentosas, esta mesma história poderia render um filme mais interessante, especialmente no aspecto humano.

    Diante disto, Fogo Contra Fogo acaba ficando pelo meio do caminho. Ao mesmo tempo em que é corriqueiro, apresenta questões pouco usuais para filmes de ação deste tipo. A curiosidade fica por conta da breve presença do sumido Vinnie Jones, revelado por Guy Ritchie em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, e a bem feita sequência dos tiros de longa distância, em que a câmera acompanha cada disparo entre a policial Talia e o capanga Robert (Julian McMahon). Por mais que seja um preciosismo estiloso, diverte.

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