Como no primeiro longa, o roteiro é sem pé nem cabeça. Desta vez, os dois amigos partem em uma viagem até a cidade de El Paso, perto da fronteira americana com o México. Eles tentam encontrar a filha de "Debi" em uma conferência de tecnologia e ideias inovadoras.
Jim Carrey e Jeff Daniels estão de volta! Vinte anos após a estreia do original, "Debi & Lóide" retorna com forte apelo para a nostalgia, mas essa não é a única arma da produção. A presença desses grandes atores é suficiente para arrancar gargalhadas dos espectadores com piadas politicamente incorretas. E eles fazem isso como ninguém.
Peter e Bobby Farrelly retornam à direção e conseguem captar o espírito do filme original. A trama é simples, como deveria: "Debi" (Jeff Daniels) tem um problema no rim e precisa de um transplante. Convenientemente, descobre que teve uma filha há 22 anos e, incentivado por "Loide" (Jim Carrey), decide ir atrás da garota para tentar resolver seu pequeno problema.
Tecnicamente, o longa é bem filmado e sem grandes inovações estéticas. Os efeitos especiais se destacam principalmente quando o vilão usa camuflagem para se misturar aos ambientes. Entretanto, em algumas cenas filmadas com tela verde é possível perceber o efeito, problema grave até mesmo para comédias despretensiosas. Além disso, falta uma música marcante na trilha como foi "I love the flower girl", do "The crowsils", no primeiro.Carrey parece especialmente empolgado por voltar ao personagem e entrega uma de suas melhores atuações cômicas dos últimos anos. Daniels, por sua vez, mantém o nível e arranca risadas com o jeito inocente de "Debi". Nem parece que os dois ficaram 20 anos sem interpretar esses personagens.
A viagem nostálgica utiliza muitas das fórmulas de sucesso do filme original, tanto que, durante os créditos, são exibidas cenas de comparação entre os dois filmes. A ideia aqui é divertir e apresentar esses personagens a uma nova geração. Claro, assim como no original, flatulências e fluídos corporais estão presentes, mas, acredite, são menos comuns e irritantes do que na maioria das comédias do gênero lançadas nos últimos anos, como Gente Grande, Vizinhos, Missão Madrinha De Casamento e tantos outros exemplos.
Por sorte, o longa sabe variar as piadas. Mesmo que alguma brincadeira se repita, ela não é usada de forma incansável ao longo de toda produção. Essa capacidade de balancear o humor e mudar o foco de tempos em tempos é crucial para manter o ritmo, assim como a história em formato de Road movie, ótimo para inserir sketches independentes de forma quase natural.
Como filme de comédia escrachada, "Debi e Loide 2" cumpre seu objetivo. Não vão ao cinema esperando trama inusitada, narrativa coesa ou qualquer coisa diferente do que vimos no original, afinal sua proposta é simples: divertir com dois grandes atores e personagens cativantes – e o longa consegue fazer exatamente isso. Quem não acha graça nesse tipo de comédia, melhor passar longe, mas quem se diverte com um besteirol de vez em quando tem uma opção melhor do que a habitual O filme tem piadas caçoa de cego, chineses, mexicanos, deficiente físico, cientistas... Sobra até para o Brasil. Rola piadinha com Gisele Bündchen e outra com brasileiros em busca de passaportes americanos. Resumindo é o tipo de filme indicado para quem curte besteirol.