Um bom filme, uma sátira, com sabor de comédia e drama da vida real. Em sete histórias, uma para cada dia da semana, tenta-se relatar um pouco do que é a vida do povo cubano. Não é um filme de ação, as vezes fica monótono. Não há um objetivo claro de crítica política. Em nenhum momento se fala em partido comunista, ditadura ou censura. Mas não dá para fazer um filme da vida real sem se tratar das principais mazelas do sistema de governo. São os intermináveis discursos, com frases emboloradas, repetidas ao extremo da perseguição imperialista dos Estados Unidos, de Fidel, para um povo já estafado, mal acomodado e exposto ao sol inclemente da ilha caribenha. É a propaganda governamental que anuncia nos rádios e televisão uma produção recorde de ovos, como se fosse uma de suas maiores conquistas, quando na realidade esse produto não dá para todos. São as ruas vazias, quase desertas de carros, quase sempre antigos dos anos 50 ou 60, e o racionamento de combustível. A constante falta de energia, prejudicando os trabalhos de uma médica, que nas horas vagas faz bolo para vender. São os taxis triciclos, a pedal ou motor. Os imóveis quase sempre com suas fachadas mal conservadas, inclusive os hotéis de luxo. É a prática já institucionaliza dos desvios de produtos das empresas estatais para uso particular dos cidadãos. A prostituição, comum no mundo todo. A falta de expectativa de mudança na vida da população, que tem como único caminho possível a saída da ilha para outro país, Espanha ou Costa Rica. Uma das cenas mais chocantes, em uma das histórias, é a que mostra diversas pessoas em um determinado local, a beira do mar, umas sentadas, outras em pé, estáticas, por horas, olhando o horizonte, apenas esperando que alguma coisa aconteça, vindo de fora. De dentro a esperança já não existe. Vale a pena ficar até o fim do filme.