Hollywood sabe como tratar os seus clássicos; existem versões do diretor, versão estendida, versão restaurada e até remasterizada. Pois bem, existem as mais diversas maneiras de se ter lucro através dessas obras, mas quando os estúdios e produtores percebem que esgotaram suas possibilidades, apelam para o remake.
A refilmagem ou remake, ultimamente, vem sendo motivo de crítica, tanto por parte do público, quanto por parte dos diretores das obras originais. “Carrie – A Estranha” de Kimberly Peirce , não pode ser considerado um remake, pois é uma cópia do original, somente com novos atores e melhores efeitos visuais. O roteiro, a essência e até a direção, são muito similares, praticamente idênticos, pairando obrigatoriamente a pergunta: porque então o remake foi feito ?
Pelo mesmo motivo citado no parágrafo que inicia tal crítica, houve um esgotamento da obra e nem todos, puderam ter acesso ao original. Foi óbvia então, a escolha de Chloë Grace Moretz como Carrie e Julianne Morre como sua mãe, a fervorosa e rígida cristã, Margaret. Essa contraposição do novo (simbolizado por uma atriz em ascensão) e o”velho” (idealizado através de uma atriz consagrada) é o único ponto interessante e relevante para o filme, mas nada que realmente motivasse a realização de um refilmagem.
A situação é ainda mais estranha pois, em tempos de Bullying, seja qual ele for, tanto o diretor do colégio de Grace, tal como sua professora de Educação Física, simplesmente se abstêm de papeis tão importantes na construção do caráter dos jovens. Claro, se é um refilmagem, não tem porque mudar esse contexto, mas é difícil engolir o fato de inserir o bullying como tema, e não discutir ele.
Também é incompreensível escalar Moretz como a protagonista. Ela é uma atriz bem mais bonita do que a Sissy Space, e também tem bem mais presença do que a original. Ela é esforçada, dá um tom mais sombrio e contemplativo a Carrie, mas não consegue atingir um equilíbrio entre o drama e terror. Hora é caricata demais, ao demonstrar seus poderes ao público, e fica pior ainda, ao tentar um drama forçado com sua mãe.
Teria sido melhor restaurar a obra original, ou quem sabe chamar Brian de Palma, para dirigir o remake. Se fosse um desses casos, provavelmente a sensação de frustração seria bem menor. Porém fica uma dúvida ao final do filme. Por mais que a crítica tenha destruído o filme, provavelmente ele será um sucesso de bilheteria, e o final do filme existe uma ponta solta para uma continuação. Esse sim, foi um dos momentos que me deu mais medo.