Pânico sempre foi uma franquia bastante consistente, seja pelos personagens ou pela qualidade de seus filmes, ok o 2 e o 3 talvez sejam os mais franquios de toda à série, mas fato é que Pânico é fácil a franquia mais consistente do horror slasher. Porém é curioso pensar que quando me refiro à série como um slasher movie, sendo que desde o princípio as ditas mortes nunca foram de fato o foco principal desta franquia; mas se não é de mortes que se baseia Scream, do que se trata? a resposta é muito simples, o conseito básico estabelecido por Wes Craven desde o princípio é o de metalinguagem, o de fazer uma sátira áspera, seja de cinema, cultura ou à visão mundana das pessoas, e todo filme da série foi de certa forma beneficiado por uma crítica à algum conseito polêmico, porém eficiente. 'Pânico' original é uma grande homenagem aos slashers e uma sátira aos clichês do terror. 'Pânico 2' é uma sátira as continuações, que muitos sabem ser inferiores ao original. 'Pânico 3' explora a imprevisibilidade dos finais de trilogia, onde qualquer retcon maluco pode acontecer. Já o quarto capítulo é um grande trabalho de metalinguagem com a franquia como um todo. Agora vem à grande pergunta: Do que caralhos Pânico 5 (ou só Pânico) quer dizer??? E aí vem toda a parte interessante, pois este filme em base se trata de toda uma crítica às fandons e ao uso excessivo do fanservice. Ou seja, o filme é uma grande crítica à indústria cinematográfica atual, com fanbaises cada vez mais tóxicas, fãs querendo ser os donos das obras, autores cada vez mais virando escravos dos consumidores, e lógico, os estúdios que se aproveitam disso e produzem obras que não tem nada além de fanservice à oferecer. Coisas como o Sonic mudando o visual do trailer pro filme (independente se o estúdio de efeitos visuais falir no processo), a Warner Bros lançado a Snyder Cut no HBO Max só para conseguir mais assinantes, ou 'Spider-Man: No Way Home' fazendo o seu roteiro inteiro na base do Reddit e entregando exatamente o que todo mundo já esperava só para obter lucros em bilheteria. E se você se atrever à alterar qualquer coisa, prepare-se para a chuva de ódio dos fãs, dizendo o quanto vocês "estragaram à nossa infância"
E Sabe, é até irônico pensar que o trabalho de metalinguagem deste filme é até bastante parecido como que foi feito no recente The Matrix Resurrections, poren consegue ser infinitamente melhor, pois enquanto lá à metalinguagem é feita de forma confusa e autoindulgente e que só existe para esconder os defeitos do propio filme, aqui isso realmente consegue ser algo esperto, inovador, que dar tapa na cara de fanboy chato, é ainda por cima ajuda a construir a narrativa. É tanto entusiasmo que eu até me esqueço que existe um filme inteiro depois desta crítica e este filme é completamente ok... É, apesar dos vários elogios que eu esteja fazendo aqui, preciso admitir que o filme está bem longe de ser memorável, pode parecer contraditório da minha parte, mas acabei tendo bastante problemas com o filme, em especial pelo fato dele ser bastante esquecível, tanto que a caracterização do Ghostface da vez foi completamente genérica (ainda bem que o próprio filme assume isso) e pior de tudo é que todos os personagens novos conseguem ser muito desinteressantes, por exceção da menina cinéfilo, eu não consegui me simpatisar por ninguém ali, e é foda porque os personagens antigos são completamente coadjuvantes e mau aparecem aqui e o filme é inteiramente dedicado aos personagens novos, então fica bem difícil defender-lo neste ponto. A propósito, outra coisa que eu detestei no filme a ideia de matar o Dewey, eu sei que o filme queria zoa o Han Solo morrendo no The Force Awakens, onde eles matam um personagem querido dos primeiros filmes apenas com o objetivo de chocar o público de forma vazia, mas poh, tinha que matar o personagem justo agora. E aí chegamos ao principal de todos os problemas, a nova protagonista, nada contra a atriz, mas eu achei a personagem completamente sem carisma, em momento algum eu comprei o drama dela; eles até inventam aqui uma história louca dela ser filha do Billy Loomis (um dos serial killers do filme original) mas eu achei bem nada ver.
Em suma, Pânico (2022) possui críticas bastante atuais, um senso de metalinguagem bastante apurado e consegue se beneficiar na direção mesmo não possuindo a presença da lenda Wes Craven aqui. porém se perde um pouco ao entregar uma experiência bastante tanto faz como tanto fez, é um filme bacana, porem como eu disse, esquecível, dentro do meu ranking da franquia, eu diria estar acima do segundo filme e no mesmo nível do terceiro – sendo que eu muito provavelmente irei preferir assistir ao segundo e terceiro filme à este num futuro muito distante – mas de qualquer forma, apesar dos pesares, valeu de sua existência.