LEONE, EASTWOOD & MORRICONE, não precisa dizer mais nada!
Desde os primórdios, o Western esteve presente como um dos mais populares e tradicionais gêneros do cinema norte-americano.
Mas foram os italianos nos anos 60, os responsáveis pela renovação do gênero, com filmes estilosos e com trilhas-sonoras que caracterizaram o estilo europeu do gênero que viria a ser chamado de “Western Spaghetti”. Apelido dado por críticos de forma depreciativa, mas que o tempo fez justiça e hoje serve para definir os grandes e cultuados westerns italianos.
Os mais influentes diretores da época foram Sergio Corbucci (Django) e o extraordinário Sergio Leone, que fez do último capítulo de sua trilogia dos Dólares ou Do Homem Sem Nome, um dos filmes mais icônicos e importantes do gênero.
Leone deixou poucos filmes, mas seu lugar na história do cinema é permanente e será sempre lembrado e admirado, como por exemplo, cenas de plano aberto e close-ups extremos de seus atores, são marcas inconfundíveis de seu estilo e genialidade.
O roteiro original é de autoria de Leone e do trio Agenore Incrocci, Furio Scarpelli & Luciano Vincenzoni, com uma ótima e divertida história, com personagens interessantes e marcantes.
O BOM: Clint Eastwood (Blondie) havia participado de produções pouco expressivas e em muitas nem sequer foi creditado, mas sua carreira foi transformada com o convite de Leone, principalmente por sua última parceria com o grande diretor, com um dos personagens mais icônicos de sua grande carreira.
O MAU: Lee Van Cleef (Angel Eyes/Sentenza) foi um dos melhores atores do gênero, tendo começado sua carreira justamente com o grande clássico do western americano “Matar ou Morrer”. Três Homens em Conflito foi o 51º longa-metragem pelo qual Van Cleef foi creditado e com certeza foi um de seus melhores trabalhos.
O FEIO: Eli Wallach (Tuco) está perfeito, roubando cenas e com bons momentos cômicos. Este foi seu 15º longa-metragem em que foi creditado e um dos melhores papéis de sua carreira.
O filme já empolga com seus créditos de abertura, com os nomes de toda equipe levando tiros, incluindo o de Leone sendo atingido pelo tiro de um canhão.
Atualmente com mais de 500 composições, o grande maestro Ennio Morricone é um dos mais celebrados e admirados do cinema, mas foi com esta trilha-sonora composta para o final da trilogia, que Morricone criou uma de suas maiores obra-prima.
Curiosamente a trilha-sonora foi composta antes das filmagens, fato bastante incomum no cinema e devido a sua imensa popularidade, às vezes consegue ser mais famosa que o próprio filme.
Como as filmagens foram sem gravação de som, cada ator poderia falar em seu idioma de origem, porque tudo seria dublado posteriormente para o italiano, idioma oficial do filme. Mas na versão em inglês podemos conferir as vozes originais do trio americano.
A fotografia foi do mestre italiano Tonino Delli Colli, iniciando sua parceria com Leone de forma brilhante.
Rino Carboni fez um trabalho extraordinário com a maquiagem, sendo extremamente realista e os figurinos de Carlo Simi apesar de simples, ganharam destaque nos trajes de Eastwood, que são dos mais estilosos.
A edição ficou com a dupla Eugenio Alabiso & Nino Baragli, que fizeram com muita competência cortes rápidos e precisos.
Cultuado por sua excelência e clássico por merecimento, exemplifica muito bem a pequena, porém notável carreira do grande Sergio Leone. Uma das cenas mais marcantes é o duelo final no cemitério, com movimentos rápidos de câmera e o famoso close-up nos atores ao som de “L'Estasi dell'Oro” de Morricone, são um dos motivos que tornam o filme obrigatório e recomendadíssimo.