A vida pela eternidade traz reflexões sobre a humanidade, a busca pela sobrevivência e conflitos familiares, questões que não estão limitados às condições humanas.
Os personagens Eve e Adam, que não possuem ligação com Adão e Eva que conhecemos da bíblia, apesar desta coincidência dar um toque poético ao filme, são interpretados por Tom Hiddleston e Tilda Swinton que vivem um casal de imortais, que apesar de se amarem e estarem casados, não exercem de forma tradicional a instituição do conjugue, morando separados e em continentes diferentes.
De uma maneira bem peculiar, o filme mostra como este dois seres foram se adaptando ao cotidiano com o passar dos séculos, mesmo vivendo uma vida noturna.
Durante o decorrer da história é perceptível que Eve e Adam são dois indivíduos de personalidades distintas, ele tem paixão por música, toca instrumentos variados, produz música e estacionou em uma era vintage, entre os anos de 1960 e 1970. Já Eve é aficionada por literatura e se utiliza da tecnologia proporcionada pelos tempos modernos. Ele é definido por cores mais escuras e sombrias com ares melancólicos e ela por cores claras e otimistas, aceitando a forma como a sociedade se encontra.
Embora os seres milenares de Amantes Eternos possuam um vasto repertório por conta dos anos vividos, é interessante quando o diretor e roteirista Jim Jarmusch nos mostra que eles ainda têm o que aprender um com outro e não são detentores de todo conhecimento disponível, como outros filmes do gênero gostam de exaltar, sendo este tipo de representação até um ponto fora da curva, ressaltando ainda mais os interesses distintos de cada.
Esta nova perspectiva sobre a vida de personagens imortais é interessante, mostrar a vida conjugal e a percepção deles, principalmente do Adam, sobre as interações humanas, proporciona uma nova linha de pensamento.
No entanto, a introdução da irmã de Eve, a Ava, que é mencionada desde o início da estória, não acrescenta nada ao filme, a princípio há a impressão que a personagem de Mia Wasikowska será desafiadora para os protagonistas e uma trará uma reviravolta na trajetória do filme, mas Ava não é bem aproveitada e desaparece da mesma forma que apareceu, fazendo o papel de ovelha negra da “família” que ninguém suporta, sem um desenvolvimento adequado.
Além do mau aproveitamento de Ava, a luta pela sobrevivência dos protagonistas, por conta da existência de sangue infectado, também é inserido de maneira apressada. Este ponto da história poderia ser um paralelo com a burocracia ou normas para doação de sangue enfrentado na vida real, servido como uma espécie de crítica, mas no fim parece que surgiu como desculpa no decorrer do filme para sucumbir Adam e Eve aos seus instintos primitivos, algo que Adam despreza nos humanos e considerando-os inferiores.
Amantes Eternos apresenta uma perspectiva diferente sobre histórias de vampiros, fugindo dos clichês e tentando mostrar algo de novo no gênero, porém, a história peca por não entregar um desenvolvimento melhor para a trama.