Há filmes que são roteiros adaptados de livros e que recorrem, as vezes, ao próprio escritor para adapta-lo ao cinema. Há livros que são difíceis de serem levados para o cinema e escritores que entendem bem o ato de escrever um livro, mas são péssimos ao escreverem roteiros. Não tomei conhecimento do livro The Paperboy (na verdade o nome em inglês do filme é esse) que originou o roteiro desse filme, porém ao assistir constatei que ou ele era difícil de ser levado as telas ou o autor, Peter Dextel, (que adaptou a história para o cinema) não soube construir algo substancial para o cinema.
O repórter Ward Jansen (Matthew McConaughey) volta pra a sua cidade natal com um colega de trabalho, Yardley Acheman (David Oyelowo), para cobrir uma matéria sobre Hillary Van Wetter (John Cusack) uma pessoa que está presa por ter assassinado o xerife local. Ward e a namorada do suposto assassino, Charlotte Bless (Nicole Kidman) acreditam na inocência dele. O irmão de Ward, Jack Jansen (Zac Efron), passa a ajuda-los para tentar descobrir se Hillary é ou não o assassino, porém se apaixona por Charlotte. Essa história é baseada em uma história real.
Com um roteiro extremamente ruim o diretor Lee Daniels não consegue realizar uma obra consistente, nem se decidir se quer realizar um filme que trata sobre racismo, homofobia, apenas uma história de investigação ou o crescimento interior de uma pessoa. Ele não decide o caminho a seguir e acaba não fazendo nada. Obsessão é um filme que supostamente seria um filme investigativo, mas não explica praticamente nada. Há um narrador no filme que é extremamente desnecessário. Não decide quem será o protagonista do filme, pois investe demais no personagem de McConaughey, mas o real protagonista devia ser Jack Jansen, porém parece que o diretor não acreditou na interpretação de Zac Efron. Aliás as interpretações, com exceção de McConaughey (eficiente) e Efron (que não compromete), não ajudam em nada a compor o filme. Não reconheço nenhum traço interessante na interpretação de Nicole Kidman que para mim é uma composição de uma nota só. Sua interpretação só funciona como uma mulher mais, digamos, da vida (até nesse ponto soa eventualmente exagerada). Cusack, o possível assassino, faz um rosto de uma pessoa perturbada, achando que um cabelo despenteado e um olhar de mau iria compor seu personagem. Acaba se tornando um estereotipo.
Uma fotografia até que tenta retratar a época (final dos anos 60). Uma filmagem voltado para a TV o que acaba enfocando os personagens (mal trabalhados pelo roteiro, nenhum é bem desenvolvido), mas como já dito, os próprios atores não corresponderam tanto. Aliás, talvez eles não conseguiram ser melhores por causa do roteiro. Na montagem há cenas que poderiam ser facilmente cortadas.
Por fim ao entrarmos nessa história iremos de uma ponta a outra sem ter uma história definida, concreta, o que acaba nos levando a lugar nenhum.