O filme é baseado num romance homônimo que gira em torno de Ward (Matthew McConaughey em mais uma ótima atuação), um jornalista de um grande jornal que precisa retornar para sua pequena cidade para fazer a cobertura da prisão de Hillary Van Wetter (John Cusack, assustadoramente bom), e de seu irmão Jack (Zac Efron, confortável e convicente), que acaba se apaixonando por Charlotte (Nicole Kidman, sensual e bastante entregue ao papel), uma mulher misteriosa que mantém contato com o prisioneiro e, até então, parecer ser a única que acredita em sua inocência. O filme tenta investir em um clima de suspense com tons eróticos, mas, no geral, a tentativa é pífia. A investigação desvia a atenção para o romance (ou a tentativa de haver um) entre Charlotte e Jack, assim como questões sobre racismo, relações fraternais, entre outros. Todos esses temas são interessantes, mas no filme recebem abordagens superficiais e apreçadas. E as doses de erotismo funcionam em algumas cenas marcantes, porém, ao todo, se percebem apenas gemidos artificiais, Nicole Kidman de roupa curta e colada e Zac Efron sem camisa. Além do mais, o suspense é apenas ocasional e o drama aumenta de forma deslocada. Enfim, um diretor experiente como Lee Daniels, que já foi até indicado ao Oscar por “Preciosa”, não deveria cometer erros de inciante, como embaralhar vários temas, histórias e personagens de forma completamente irregular. Justiça seja feita, todos os atores fazem performances convicentes (inclusive, a cantora Macy Gray, que se arrisca como atriz e não faz feio) e o longa possui momentos chocantes bem dirigidos, mas “The Paperboy”, em sua totalidade, não tem um bom acabamento.