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    Sete Psicopatas e um Shih Tzu
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Sete Psicopatas e um Shih Tzu

    Brincar de cinema

    por Bruno Carmelo

    Com frequência, têm aparecido no circuito comercial histórias construídas em torno da metalinguagem (os "filmes sobre filmes", percebidos quase automaticamente pela crítica como sinal de inteligência), banhados em referências pop, trilha empolgante e aparência jovem, "alternativa". Já que pregam o amor pelas imagens a um público que também ama as imagens, muitas destas produções são aceitas com facilidade pelo nicho dos cinéfilos. Mais Estranho que a Ficção, Rubber, Rebobine, Por Favor e Trovão Tropical fizeram isso nos últimos anos, agora Sete Psicopatas e um Shih Tzu integra o grupo.

    Sem julgar o mérito ou demérito da metalinguagem pop, pode-se dizer que no caso deste último filme, a mistura não funciona muito bem. A premissa é interessante: um escritor em crise de inspiração tem que escrever uma história intitulada Sete Psicopatas, ao mesmo tempo em que assassinatos começam a acontecer ao seu redor. "A arte imita a vida" e outros chavões do tipo vêm à mente, mas longe de discussões pseudo filosóficas, a simples convergência entre o terror e a comédia já poderia render bons frutos.

    O problema é que, em sua sede de abraçar o máximo de referências possível, o roteiro desta comédia atira para todos os lados. Existe a subtrama do alcoolismo do protagonista (Colin Farrell), a subtrama de sua relação com a namorada (Abbie Cornish), outra sobre a relação entre seu amigo estoico (Christopher Walken) e a esposa doente, ou ainda um mafioso (Woody Harrelson) louco por seu cão. Existe ainda um monge vietnamita com tendências à pirotecnia, um assassino identificado pelas cartas de baralho deixadas no local do crime, um senhor Quaker cuja filha foi estuprada... As histórias têm suas próprias sub-histórias, e algumas destas sub-histórias têm sub-sub-histórias, e assim por diante.

    Sete Psicopatas e um Shih Tzu tem perfeita consciência de ser um filme confuso e nonsense. Seu delírio juvenil é assumido do começo ao fim, e dificilmente pareceria um equívoco do roteirista. Mas fica difícil, com quase duas horas de duração, se importar o mínimo com quem quer que seja, já que todos os conflitos são intercambiáveis, podendo ser retomados ou abandonados quando a história bem entende. A trama é descartável, aleatória: a forma acaba sendo o próprio (e único) conteúdo do filme. Este roteiro é certamente esperto, mas pouco complexo; em outras palavras, o processo pode ser interessante, mas sua finalidade é banal.

    Logicamente, existem méritos. Os principais deles vêm das próprias atuações do grande elenco cômico, que lida perfeitamente com o absurdo. Christopher Walken, Sam Rockwell, Woody Harrelson e Tom Waits integram com perfeição este universo. Colin Farrell, protagonista pouco ativo, até se esforça, mas parece desaparecer quando estes outros atores entram em cena. Já a presença de um cachorro meigo em meio ao banho de violência funciona apenas como o contraponto cômico, uma espécie ironia constante. Talvez o Shih Tzu seja o único elemento coeso nesta história divertida, hiperativa e pouco memorável.

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